Não é o bastante o que vou manifestar. Nunca é o bastante se opor ao que nos reduz a animais, que possuem maior dignidade que nós. Somos uma sociedade de estupradores, somos forjados do que há de mais vil em um ser vivente. Então, o que segue não é o bastante, talvez nem relevante seja.
Eu acompanho muito pouco o noticiário e tenho centrado minha atenção no desgoverno e no Impostor que o ocupa. Mas ocorreu-me saber do caso de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, (30 homens violentam uma jovem e postam em rede o crime), lendo o post de uma amiga. Da mesma amiga fiquei sabendo que Alexandre Frota esteve no Ministério da Educação apresentando propostas para o ensino. É de se recordar que o citado indivíduo relatou em um lixo televisivo um estupro que praticou, e o tal lixo televisivo atingiu bons índices de audiência e rendeu comentários uma ou mais semanas, mas nenhuma condenação contundente. Pois bem, é este indivíduo que visita o Ministério da Educação. Associo o ocorrido em Santa Cruz, e essa inusitada visita ao Ministério da Educação, aos recentes discursos de ódio de Jair Bolsonaro, seja quando insultou a deputada Maria do Rosário, seja em sua recente homenagem em rede nacional a um torturador, como forma de humilhar Dilma Rousseff. Os três fatos ilustram uma só coisa, fazem parte do mesmo modo de entender a presença feminina: Mulher, para nós, continua sendo apenas um objeto sem vontade, sem desejo, sem sentimento. Delas podemos fazer o que bem entendermos. Mulher é um direito de conquista. O Feminismo sozinho não dá conta de combater este odioso discurso. É preciso que homens e mulheres que se situam a um grau a mais na escala que nos conduz ao humano – não, não somos ainda humanos, e muitos estão regredindo ao invés de avançar para tal meta – , manifestem-se contra a violência sistemática e cotidiana que assistimos contra a mulher. Neste sentido, mesmo a graus e graus abaixo do que se possa considerar humano, eu repudio com vigor o ocorrido em Santa Cruz, espero que todos os envolvidos sejam identificados e condenados. Com o mesmo rigor repudio a presença de um estuprador confesso no Ministério da Educação e todo discurso misógino ou contra os direitos da mulher ao próprio corpo, ao prazer, à vida independente e autônoma, à LIBERDADE.
Adendo
Eu luto contra a cultura que violenta a mulher em seu corpo em sua voz em sua liberdade, apenas por ser mulher. O estupro é o mais vil atentado contra a mulher; é o ápice a que se pode chegar nossa vilania. Mas minha luta é contra toda e qualquer violência contra a mulher seja no lar, na escola, nas igrejas, na política, no trabalho, no seu lazer. Quando chegamos ao estupro é porque já cometemos todas as outras formas de violência física, verbal, psicológica, conceitual contra a mulher. Eu luto contra uma sociedade que violenta a mulher por ser mulher.
Nenhum comentário:
Postar um comentário