sexta-feira, maio 27, 2016

A FACA

“Toda palavra tem dois fios tão cortantes quanto faca” (Christine Ramos)


A culpa é da faca, este instrumento pré-histórico, quase mítico: porque criou um poder inumano e inconsciente nas hordas totêmicas. A culpa é da faca, ou talvez do capitalismo que a tornou produto, a alienou do caçador e a tornou produto. A culpa é da faca que não estando na gaveta de talheres, pousava sua frieza malignidade ao alcance da mão de Justino. Tivesse a faca na gaveta e não sobre a mesa nada teria ocorrido.

O olhar de Jhuliana era outro. Juliano estranhou, percebeu distanciamento. E Juliano confirmou suas suspeitas. A campainha tocou. Jhuliana atendeu. Era o carteiro com telegrama. Jhuliana sorria um sorriso dantes visto. Juliano não tinha dúvida: “Era do outro... Comigo o sorriso mudou; não sorri assim... É do outro! ...”

A culpa é da faca que saltou da mesa à mão de Juliano e agora é um com o corpo de Jhuliana. O telegrama era só a confirmação de que o casal seria tríade. Não fosse a faca, não fosse o capital que a transformou produto, nada teria ocorrido.   

Que toda faca seja banida. Ela nos destitui toda vontade e toda decisão!!!


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