quinta-feira, novembro 12, 2020

UM FODA-SE A QUEM MORRE!

 “Quando fazemos escolhas, escolhemos o que nos revela” (Rodner Lúcio)

 

Um dia, sem ter planejado, sem ter querido, nascemos. Um dia, planejando ou não, querendo ou não, morreremos. Tem sido comum a um boçal repetir: “um dia todos morreremos”. Nisto o boçal está certo: querendo ou não, aqueles que nos são mais caros e nós próprios, quando menos esperarmos, cessaremos, deixaremos de ser.

Ignorando o momento certo e preciso de tal momento, buscamos viver com dignidade, realizando-se. Em nossa luta diária, vamos retardando o quanto possível nosso ultimo alento. É de nossa condição ter consciência de nossa finitude e procurar enfrentar tal consciência produzindo um mundo de artifícios, uma história que permaneça na lembrança de outros. Não queremos ter vivido em vão.

Não obstante a certeza de que havemos de morrer, toda perda é sentida. Não passamos pelo mundo sem criar vínculos, sem ser querido ou não querido. Mesmo quando um assume um estilo de vida abjeto, encontramos quem sofra sua partida. E este sofrimento deve ser respeitado. Arrefecer a inimizade, o ódio, durante o luto de um desafeto ou tripudiar e desdenhar o seu sofrimento, são atitudes que dizem de nós, de nosso caráter e de nossa psique.

A psicopatia é um estado mental patológico caracterizado por desvios, principalmente, de caráter, que desencadeiam comportamentos antissociais, diminuição da capacidade de empatia/remorso, orgulho em enganar e se aproveitar da boa-fé das pessoas.

Entre nós, devido o boçal referido acima, temos percebido que estes traços deixam de ser do indivíduo e passam a ser da sociedade. Nós vivemos numa sociedade sociopata. Fazemos do sofrimento alheio cálice de nosso regozijo. Daí não nos incomodar tanto um incapaz nos governar. Sentimos-nos identificados, ele representa nosso caráter social; é o retrato de nossa sociedade: “Morreu, não posso fazer nada!” “Morreu, e daí? Não sou coveiro!”. O Jair só está onde está: “porque fala o que gostaríamos de falar!” Ele fala por nós. Quando fazemos escolhas, escolhemos o que nos revela. O Jair, fomos nós que o escolhemos.

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