“Quando fazemos escolhas, escolhemos o que nos revela” (Rodner Lúcio)
Um dia, sem ter planejado, sem ter querido,
nascemos. Um dia, planejando ou não, querendo ou não, morreremos. Tem sido
comum a um boçal repetir: “um dia todos morreremos”. Nisto o boçal está certo:
querendo ou não, aqueles que nos são mais caros e nós próprios, quando menos
esperarmos, cessaremos, deixaremos de ser.
Ignorando o momento certo e preciso de tal
momento, buscamos viver com dignidade, realizando-se. Em nossa luta diária,
vamos retardando o quanto possível nosso ultimo alento. É de nossa condição ter
consciência de nossa finitude e procurar enfrentar tal consciência produzindo
um mundo de artifícios, uma história que permaneça na lembrança de outros. Não
queremos ter vivido em vão.
Não obstante a certeza de que havemos de
morrer, toda perda é sentida. Não passamos pelo mundo sem criar vínculos, sem
ser querido ou não querido. Mesmo quando um assume um estilo de vida abjeto,
encontramos quem sofra sua partida. E este sofrimento deve ser respeitado. Arrefecer
a inimizade, o ódio, durante o luto de um desafeto ou tripudiar e desdenhar o
seu sofrimento, são atitudes que dizem de nós, de nosso caráter e de nossa
psique.
A psicopatia é um estado mental patológico
caracterizado por desvios, principalmente, de caráter, que desencadeiam comportamentos
antissociais, diminuição da capacidade de empatia/remorso, orgulho em enganar e se aproveitar da
boa-fé das pessoas.
Entre nós,
devido o boçal referido acima, temos percebido que
estes traços deixam de ser do indivíduo e passam a ser da sociedade. Nós vivemos
numa sociedade sociopata. Fazemos do sofrimento alheio cálice de nosso regozijo.
Daí não nos incomodar tanto um incapaz nos governar. Sentimos-nos identificados,
ele representa nosso caráter social; é o retrato de nossa sociedade: “Morreu, não
posso fazer nada!” “Morreu, e daí? Não sou coveiro!”. O Jair só está onde está:
“porque fala o que gostaríamos de falar!” Ele fala por nós. Quando fazemos
escolhas, escolhemos o que nos revela. O Jair, fomos nós que o escolhemos.
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