Amanhã vou à urna cumprir uma obrigação. Cumprir obrigações são necessárias. A vida em sociedade exige que tenhamos obrigações cívicas. Amanhã vou à urna sem nenhuma expectativa.Vou porque respeito o mínimo de ordenamento que ainda temos. Os candidatos em quem depositarei minha desconfiança, não meus anseios, não sairão vitoriosos. Saíssem vitoriosos, pouco ou nada fariam de diverso de como as coisas estão ajustadas. O candidato majoritário não teria uma câmara favorável. Para manter-se na cadeira e conduzir uma administração da coisa pública razoável, teria que barganhar com velhos caciques. O postulante à câmara, se eleito fosse, seria uma voz dissonante no coro de velhas raposas. Qualquer saída de um ou outro das linhas permitidas para ousadias administrativas ou posições mais contundentes contra confortados edis e uma máquina ajustada ao interesse da elite econômica, conluios com promotoria e mídias os realocariam ao eixo das coisas são assim. Qualquer insistência em defender que as coisas que são assim podem ser diferentes, constituiria suicídio político: denuncias apareceriam, processos se abririam, engessando qualquer iniciativa. Eu não alimento expectativas neste processo. Aproveito-o para manifestar meu desacordo com a administração atual, com o estado da coisa, coisa e tal. O vencedor saberá que venceu devido as regras do jogo, mas não convence, não deposita confiança. Amanhã, depositarei meu voto de desconfiança em candidatos que, como eu, se dizem descontentes com o atual cenário em que patinamos e com os rumos que vamos nos traçando. Mas sei que se eleito fossem, pouco ou nada conseguiriam fazer contra as forças que produzem a lama em que patinamos e as forças que nos conduzem a um colapso.
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