Cara Rita Maria
Em
nosso tempo tornou-se tênue os limites entre a cantada e o assédio, já quase
não distinguimos sedução e abuso na relação. Há coisas que são claras, bem sei:
não é não! Conversa encerrada! Na incerteza, esperando um sim e não o não ou um
processo, digo-te sem rodeios: à tua presença, desabo, o coração dispara, as
pernas tremem, transpiro, perco a fala. Quando a tua fragrância, antecedendo-te,
assume o elevador, sufoco-me, tenho vertigens. E à tua voz, vindo lá do
corredor, coro, falta-me o ar, engasgo-me. Não falo de teu olhar, de teu
sorriso, do fio de cabelo deixado no apontamento. Em tudo de ti me perco. Gostaria
de dizer-te estas coisas sussurradas e misturadas a vulgaridades em teus
ouvidos, enquanto lambisco teu pescoço ao pé da orelha. Quero poder perder-me
em ti, beijar-te loucamente, e correr teu corpo a ponta de língua, brincar em
teus peitos com essas tuas amoras rijas, enquanto tu afloras em meus dedos a
flor úmida de desejo. Quero desmaiar em teu gozo e, despertar ao teu lado e
cobrir-te de beijos. Tudo o que te digo soa piegas e talvez seja. Só espero não
ser abusivo. Espero apenas que entendas: Sonho com teu gozo e, depois,
abraçadas, sorrindo-nos de prazer. Se disseres não, deixo de ser.
Espero
não estar te assediando
Clara
Heloisa (do RH)
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