Dizer o que pensa, não é dizer o que vem à mente.
Dos
sentidos e dos sentimentos à mente vêm muitas coisas. Dizer o que vem à mente
nem sempre é dizer o que pensa. Pensar é demorar sobre algo. Conjecturar, ponderar,
esclarecer, buscar embasamento, certificar-se da correção do que será dito,
requer tempo, disciplina, estudo, método. A fala enquanto ação, enquanto ato
político não se confunde com a livre expressão. A fala-ação, mesmo pensada, nem
sempre resulta no intento que a originou. Toda ação tende a um fim, o fim de
uma ação nem sempre é o que dela se espera (parece-me que Aristóteles ensinou
isto). O fim de uma ação só pode ser desejado, esperado, não pode ser
determinado. Toda ação é grávida de indeterminação. Falar, então, torna-se uma
responsabilidade, por isso reclama o pensar e o pensar bem, antes de falar. “Dizer
o que pensa é um direito. Mas, pensando bem, às vezes é melhor guardar silêncio”
(Rodner Lúcio). Só idiotas dizem o que vem à mente, pessoas rezoáveis pensam
antes de dizer. Por isso falam pouco.
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