“Todo homem que atinge consciência plena, afirmamos, deseja a liberdade política.” Karl Jaspers.
Segundo Karl Jaspers, a
política é o mais importante dos instrumentos no que diz respeito à nossa
coexistência no mundo. Ela se situa na tensão entre o uso da violência e a
parlamentação, o confronto de ideias e ações em torno do bem comum.
Manter-se no poder pela
violência exige a vilania e a mentira. Manter-se no poder pelo convencimento
dos argumentos requer disposição ao confronto de ideias e ações
comprometendo-se com a liberdade dos opositores e com a educação de seus
concidadãos ao pensamento livre e critico. A política da violência controla
massas, a política da liberdade eleva a si e seu povo em dignidade e respeito
diante das nações.
Só a liberdade política, a
capacidade de confrontar ideias e ações pode fazer de um povo uma nação e de
seus indivíduos homens e mulheres autênticos.
A violência, seu uso
político, produz a tirania e um governo de escravos. E a razão da política não
é produzir súditos e promover cidadãos, homens e mulheres livres e capazes de
participar das decisões de uma nação. “A razão da política é a liberdade”
(Hannah Arendt).
Nas palavras de Jaspers: “A
política pretende subjugar a violência por meio do debate, do pacto, da busca
de uma vontade comum através de caminhos legais. Para que a tal resultado se
chegue, é preciso contar com certa espécie de político. Esse político não deve
aspirar à ditadura, porque não se interessa por governar escravos.”
Assim, para Jaspers, a
política, em seu afirmar a liberdade, “deve pretender poder temporário, na
medida em que mereça a confiança do povo – confiança de cidadãos e não de
súditos – e deve inclinar-se pela renuncia, tão logo decaia daquela confiança.”
O político, na concepção de Jaspers, deve
odiar a força e ser educador do povo.
Sem educação não há cidadão,
a ignorância gera servos, súditos, escravos. Para a parlamentação, para o confronto
de ideias e ações em vista da coexistência e do bem comum, é preciso que a
nação seja educada. Sem educação para a liberdade , a política governa homens e
mulheres, mas não institui uma nação soberana, respeitada diante de outras
nações.
Um governo que despreza o
conhecimento, desvaloriza a ciência e o ensino, desvaloriza professores,
escolas, pesquisas, condena seu povo. Um povo que despreza o conhecimento
submete-se a qualquer impostor que lhe ofereça aparente segurança, aparente
garantia de sucesso em seus negócios particulares.
Não se produz e governa uma
nação com bravatas e com polícia, mas com o fortalecimento intelectual de seus
concidadãos. Uma nação é soberana se educada para viver a responsabilidade que
a liberdade lhe exige.
Sem leis não há ordem, sem
livros não há liberdade. Onde reina a ignorância, reina o desmando e a
truculência. Não há lei que ordene a ignorância. A lei só se sustenta ante
homens educados e mulheres educadas e
livres. A verdadeira liberdade não consiste em fazer o que se quer, a
verdadeira liberdade consiste em decidir viver ou não em comunidade assumindo o
desafio da coexistência e da liberdade política.
Não atingimos a consciência plena
se não formos educados para ela. Daí que política e educação não se separam.
(Conclusão nossa).
*A
partir de: Karl Jaspers. Introdução ao
pensamento Filosófico. São Paulo: Cutrix. 1973
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