Então
foi assim que tudo aconteceu:
Preparava-me
para sair e ir à feira. Bateram à minha porta. Atendi. Um investigador de
polícia anunciou minha prisão. Indaguei sobre qual acusação: “senhor sabe! Não se
faça de desentendido!”, respondeu-me o distinto oficial.
Fui
conduzido algemado por dois policiais que fizeram questão de posar comigo ante
um fotógrafo de o Diário. Chegando à delegacia o Sr Delegado interrogou-me
sobre meu dia de ontem: onde estive? Com quem? A que horas? Do que tratamos?
Durante a inquirição, fez-me uma pergunta curiosa: “O senhor pedala?”. “Não!”,
respondi seco e contrariado.
Eu
não entendia o que fazia ali, preso, sendo inquirido sem saber por qual motivo.
Exigi do delegado esclarecimentos, queria saber sobre qual acusação eu estava
ali, queria meu advogado. Mas, nada!
Do
interrogatório fui conduzido a uma sala com outros três elementos. Um
aproveitou a presença do policial que me conduzia à cela para mandar um recado
ao delegado: “Diz ao doutor que eu sei de umas paradas, de uns camaradas, coisa
e tal...”.
Fiquei
quatro, ou cinco horas, na mais absoluta angústia, procurando motivo para
aquela situação. O que mandou recado ao delegado foi conduzido a sua presença e
não voltou.
Passado
as quatro ou cinco horas de angustiante expectativa, fui conduzido a um juiz. O
tribuno não fez caso de mim, dirigindo-se à promotoria: “eu vejo, eu ouço e eu
imputo o réu”. E sem indagar-me nem mesmo o meu nome, instruiu a promotoria:
“procure-lhe um crime. Não há necessidades de provas. Cabe ao seu advogado, caso
tenha, fornecê-las. Eu já o condeno”.
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