TAL
EVA
Todas
as manhãs o sol passeia seus raios sob as copas das mangueiras, abacateiros, jabuticabeiras.
As roseiras ao seu toque se desabrocham, e as hortências vivificam suas cores.
Pássaros saltitantes gorjeiam e arrulham, celebrando-o. Borboletas, abelhas, marimbondos
disputam as delicadas melissas. O gato e os cães se espicham pelo quintal,
banhando-se em sua luz. Mas não duvido! O sol não desperta por outro motivo: é
a ti que ele busca. E não te fazes resistente. Todas as manhãs o mesmo
espetáculo se repete. O sol, maroto, passeia o sitio para te encontrar, assim
Eva, prazerosa, estendida à beira do lago. E toda oferecida, dele te deleitas e
provocas ciúmes. Outro dia, caiu sob ti um abacate, doutra vez, uma rosa
espetou-te o dedo, recordas-te a arranhada que o gato te deu? Não, eu não ciumo
o sol. Se durante o dia ele te aquece, à noite em teu calor eu adormeço. Todas
as manhãs, então, eu agradeço o beijo de teus lábios que me desperta, e ao sol
que a tudo vivifica, também sou grato. Sem ele o espetáculo que se repete todo
dia não havia de ter sentido. E nada significaria o aquecer-me em teu corpo ao
fim do dia. O amor não se estanca de repetir-se noite e dia.
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