“Se
você está pensando em deixar-me por favor eu quero lhe pedir: Deixe-me outro
dia sim, porém hoje não.” Agnaldo Timóteo
Nas
festas , Timóteo era presença certa. Tio comandava a vitrola e, a seu juízo,
festa sem Timóteo não era festa. Lembro-me dele “aprumando-se”, como dizia, “pras
madamas de dona Zita.” “Que coversa é esta com esses meninos ?”, ralhava vó, “vai
arrumar serviço!”. Tio ria e sai cantarolando:
“Amor proibido/A minha maneira é autencidade/ Vou ficar contra o mundo/ Mas não
posso fugir/ deste amor que é verdade...” Nos sábados, à tardinha, tio dependurava
o espelhinho do lado do tanque, tomava da navalha, se barbeava. Depois, se
enfiava numa camisa vermelha,vistosa, ornada por terno branco. Tio se metia um
chapéu de abas curtas combinando com o terno, flor de cravo na lapela. “Onde
vai o janota?”, perguntava vó . Cheirando a colônia de barbear, tio impostava a
voz à Timóteo e parodiava: “Eu hoje vou sair e procurar uma nora para ti”. “Se
encontrar, deixa por lá mesmo!”, retrucava vó, sorrindo-lhe. Tio beijava-lhe a
testa, pedia-lhe benção, ganhava o mundo cantarolando: “se eu demoro mais aqui
eu vou morrer...” Um dia tio trouxe nora e neto. Mas esta é uma outra história,
que deixo para uma outra hora. Tio e Timóteo agora estão em festa.
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