Um cidadão de bem, no afã de justificar a política de armamento do genocida, tomou um fragmento do livro do êxodo (22, 1). Mas esse fragmento isolado não oferece justificativa suficiente para um se armar, pois logo na sequencia o texto lembra que “se o sol brilha sobre ele (o ladrão), haverá vingança de sangue por causa dele.” O texto é claro: ‘o ladrão deve pagar indenização’: se não possui nada, ele mesmo será vendido em pagamento do seu roubo. (Êxodo 22, 2). Fica patente que a morte do ladrão não é desejável, pois, além de não poder indenizar a vítima, sua morte abre a possibilidade de vingança, ou seja, mais violência. Ao amigo cidadão de bem, sugiro o capítulo 5 de Mateus, em que Cristo reformula o livro do Êxodo e ensina: “ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Porém, vos digo: Não resistais ao mau. Pelo contrário, se alguém te esbofeteia na face direita, vira-lhe também a outra... Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem... (Mateus: 5, 39; 44). Mas, se ao ensinamento de Cristo, ele preferir continuar encerrado no Antigo Testamento, antes de comprar uma arma, espero que ele considere viver de acordo com os preceitos do capítulo 23 do livro de Êxodo: “Não espalharás boatos sem fundamento (fake news). Não tomes o partido de um culpado, dando um testemunho falso. Não seguirás uma maioria que quer o mal, e não intervirás num processo inclinando-te em favor de uma maioria parcial. Não favorecerás com parcialidade um fraco no seu processo. Quando deres com o boi do teu inimigo ou o seu jumento perdidos, tu os reconduzirá a ele (minha avó dizia que qualquer coisa que a gente acha e não procura devolver ao dono , fosse uma moeda de cinco centavos, é roubo, e ela não leu Êxodo), ao vires caído, sob o peso da caga, o jumento de quem te odeia, longe de abandoná-lo, tu o ajudarás a ajeitar a carga ( o respeito aos animais já está presente aqui). Não falsificarás o direito do teu pobre no seu processo. Manterás distancia de uma causa mentirosa. Não mates um inocente nem um justo, pois eu não justifico um culpado. Não aceitarás propinas, pois a propina cega as pessoas lúcidas e compromete a causa dos justos. (Êxodo: 23, 1ss).
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