“Nós não somos flagelados que vieram buscar refúgio em algum lugar na América do sul. Nós somos povos originários, precisamos ser tratados com este respeito" (Ailton Krenak)
Segundo o Ailton Krenak, os totalitarismos não suportam muitos, não suportam muitos gêneros, muitas espécies, muitas classes, múltiplas culturas. Para os totalitaristas, segundo o Krenak, há uma só espécie: a humana, e um só mundo e um só sistema mundo: o Capitalismo. E o Capitalismo parece mágico: ele faz aparecer a água na torneira, o leite na caixa, o produto na gôndola, destituído das vidas implicadas em sua produção. Os totalitarismos não suportam a ideia de múltiplos sistemas e de pluralidade. Na concepção mágica do subalterno do capitalismo há a crença de que o capitalismo após consumir o mundo é capaz de produzir outro mundo e desenvolve, então, uma Antologia Fast Food: “Come o mundo, come o mundo, come o mundo, come o mundo”, é uma obsessão em que o lucro é o único interesse. As vidas, as vivencias ou são mercadorias ou são combustíveis da engrenagem de comer mundo. Neste clima, a única coisa que nos resta parece ser o de detonar o outro. Mas Krenak é um tipo otimista. Ele acredita que é possível recuperar o espaço do comum, sustentar a pluralidade de vidas e vivências, na coexistência de cosmovisões que tratam a terra e suas espécies, como Mãe e como irmandades (nós somos irmanados aos outros seres e elementos da natureza) e não latifúndio, produtos, mercadorias. Um mundo habitável, um mundo comum, um mundo que não seja produto a ser consumido, mas co-vivenciado, passa por respeitar os povos originários. Ailton Krenak é dessas chamas de vela em procissão: trepidante mas sustentada por mãos confiantes de uma fé no misterioso sagrado, que permeia a natureza e o humano, e nos conduz a uma dança cósmica futura. Está ultima parte, quem sabe, seja apenas uma minha interpretação.
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