sexta-feira, abril 09, 2021

HUMANIDADE

 

Para Marcos Guilherme

 

Toda totalidade tem para nós, que a colocamos em particularidades, um sinal duplo. Totalidade indica perfeição. Aplicado em particularidades aponta avanços em direção a tal perfeição; indica atraso, retrocesso, corrupção. Assim se dá humanidade. Humanidade indica a perfeição do humano, o humano tende à perfeição. Assistindo, porém, o que ocorre entre nós, vivenciando os desmandos, os descalabros as atrocidades de que somos capazes, ante o morticínio programado que nos campeia, julgamos, desesperados: “ a humanidade, está perdida! A humanidade não tem jeito! De tão irremediável que somos, nem um Deus nos salva! ” Mas Bolsonaro e família, Dr. Jairinho,   Valdomiros e Silas, não são parâmetros para se nos medir enquanto caminhamos rumo a esta totalidade. Ilustram apenas do que somos capazes se nos reduzimos às nossas vaidades. A humanidade se julga pelas relações solidarias, respeitosas, tolerantes, pelas lutas por direitos, por justiça, por liberdade, pela indignação contra toda forma de exploração, intolerância, preconceito. A humanidade não se ilustra na bancada da bala, na bancada da bíblia (é minúscula mesmo), na bancada do boi. Não, a humanidade está no empenho extenuante de médicos, enfermeiros, socorristas, pesquisadores, cientistas na luta contra a pandemia. A humanidade não esta perdida porque generais e empresários aplaudem as sandices de um genocida.  A humanidade não se perde, homens, mulheres, sim!  Não! A humanidade não é o crime, a vilania, a indiferença. Ela se insinua nos textos do Atanásio Mykonios, nos versos e nas ilustrações do Marcos Guilherme, nos ensinamentos da Fátima Pedro, do Luciano Mello, do Sergio Gatollin. A humanidade se insinua na voz da Val Serra, da Luciene Azevedo, da Daniela Lamim, no canto da Pamella, da Patty, da Heline. A humanidade é Dora, é Jurema, e Neide e Ibanez, dirigidas na humanidade do Cidão, da Lidi, do Marco Senna. A humanidade é Fabio, é Ana e nossa cultura popular. A humanidade está na música do Alexandre Guilherme, no RAP do Rodolfo, na poética do Ailton Ferreira, do Anderson Borges, nas produções do Filipi, do Delcimar, nas provocações do Maida, do Magno, do Ivo.  A humanidade não está perdida, ela se insinua nas lutas da Conceição, do Garippo, do Niltinho. A humanidade avança e chega como promessa no Theo, no Heitor. E se a nossa fraqueja, a deles há de ser melhor. Nossos atos dizem apenas de nós, se estamos no caminho de nossa humanização ou se vamos nos desumanizando. A humanidade não se julga nas nossas arbitrariedades, contradições, leviandades. A humanidades é onde ainda não chegamos, mas que homens e mulheres nos apontam com o seu saber, a sua arte, a sua generosidade.   A humanidade se insinua lá onde há indignação, luta, insistência, resistência, resiliência, co-vivência.

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