domingo, julho 17, 2016

INSANOS ARTISTAS


A Associação Cultural Opereta está por completar 22 anos. Marco Antônio Senna pediu-me, recentemente, um texto sobre o papel do artista em tempos como o nosso. Escrevi sem o devido convencimento.  Novamente tento. Antes, aos amigos desta aventura sempre sendo: Parabéns!



Dizem que eu sou insano porque converso com fantasmas mentais e conduzo temerariamente minha insípida existência... Mas há pessoas que teimam em acreditar que educação, cultura, arte..., muda o mundo. E estas pessoas pintam o rosto, ora vestem roupas estranhas, chamam figurino, ora, em nome de seus sonhos-lutas, despem-se; tocam instrumentos e impostam a voz e os gestos em nome dessa crença: o humano está, como o anjo de Michelangelo, no coração das pessoas. Há pessoas que acreditam que seu mister é esculpir olhos adentro do expectador a vida como deveria ser: justa, equitativa, harmônica, integradora, plural. Que seu mister é revelar olhos adentro do expectador o que o preenche de sentido e o faz desejar ser mais e não o mesmo. Que seu mister é arrancar o riso do olhar triste, a sensibilidade do rancor, a esperança da dor. Que seu mister é denunciar no canto, na dança, na personificação do imaginário (que dizem ser personagens), na representação-resignificação do cotidiano, o desmando do mando autoritário, presunçoso, arrogante.  Há pessoas que insistem em acreditar que outro mundo, um mundo humano, é possível. Eu sou o insano. Elas artistas.




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