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Associação Cultural Opereta está por completar 22 anos. Marco Antônio Senna
pediu-me, recentemente, um texto sobre o papel do artista em tempos como o
nosso. Escrevi sem o devido convencimento. Novamente tento. Antes, aos amigos desta
aventura sempre sendo: Parabéns!
Dizem
que eu sou insano porque converso com fantasmas mentais e conduzo
temerariamente minha insípida existência... Mas há pessoas que teimam em
acreditar que educação, cultura, arte..., muda o mundo. E estas pessoas pintam
o rosto, ora vestem roupas estranhas, chamam figurino, ora, em nome de seus
sonhos-lutas, despem-se; tocam instrumentos e impostam a voz e os gestos em
nome dessa crença: o humano está, como o anjo de Michelangelo, no coração das
pessoas. Há pessoas que acreditam que seu mister é esculpir olhos adentro do
expectador a vida como deveria ser: justa, equitativa, harmônica, integradora,
plural. Que seu mister é revelar olhos adentro do expectador o que o preenche
de sentido e o faz desejar ser mais e não o mesmo. Que seu mister é arrancar o
riso do olhar triste, a sensibilidade do rancor, a esperança da dor. Que seu mister
é denunciar no canto, na dança, na personificação do imaginário (que dizem ser
personagens), na representação-resignificação do cotidiano, o desmando do mando
autoritário, presunçoso, arrogante. Há
pessoas que insistem em acreditar que outro mundo, um mundo humano, é possível.
Eu sou o insano. Elas artistas.
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