terça-feira, março 10, 2020

É TEMPO DE PRUDÊNCIA



Para Fátima Pedro

O hipócrita, com a boca, danifica o seu próximo,
mas os justos são libertados pelo conhecimento.
Provérbios 11:9


Segundo André Laks, professor de filosofia Antiga na Universidade Charles de Gaulle, Lille 3, na França, é de Anaxágoras um fragmento que diz: “por causa dos nossos sentidos não podemos julgar a verdade”.  A este dito, André Larks acrescenta um fragmento de Heráclito: “más testemunhas são os olhos e ouvidos dos homens, se têm almas bárbaras”. Parece-me que vivemos tempos bárbaros e “os bárbaros julgam por gosto a contendas”, dizia Zózimo de Ítaca. É do mesmo Zózimo: “quando um julga com os sentidos, comete erro; quando o juiz são os sentimentos, injustiça se resulta. O ponderado guarda silêncio e medita”.  Uma amiga dizia-me: “os estúpidos se apressam a julgar, os sábios dificilmente chegam a uma sentença. Entre uns e outros, os juízes devem ser ponderados: nem julgar apressadamente, nem se abster de sentenciar.” Estamos no tempo cíclico da desolação, tudo parece fora de eixo, a secura faz com que tudo se corroa. O azedume impregna o ar e adultera-nos os ânimos. É com ânimos alterados que nos arvoramos em juízes e a todos condenamos. Faço aqui um salto da Filosofia para as páginas da sagrada escritura, este objeto que estamos tão prontos a defender ou atacar, mas pouco dispostos a entender: “és inescusável, ó homem, quem quer que sejas, que te arvoras em juiz” (Romanos, 2, 1). Segundo Provérbios: “o insensato não gosta da inteligência, mas de publicar o que pensa” (Provérbios: 18,2). É o gosto pelo conhecimento, diz o redator de Provérbios, que nos livra do homem que diz disparates, dos que seguem caminhos tenebrosos e se comprazem com o mal. (Provérbios: 2). O pouco apreço pela inteligência nos enche a boca de palavras apresadas e enganosa, ensinou-me meu orientador vocacional.  Nossa realidade presente é de pouco apreço pelo conhecimento, são muitos os que preferem a companhia da ignorância e do juízo rasteiro. De tal modo, me parece prudente seguir o sábio: “quem retém os lábios é prudente” (Provérbios: 10,19).  


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