Para Bono Fox
“Deus deixou o homem livre
para ser ele mesmo, se assim o quiser” (Nicolau de Cusa)
Segundo Albert Jacquard, geneticista
francês, uma invenção não é perniciosa, perniciosa pode ser a utilização que se
faz dela. E diz que já Lucrécio, cerca
de 55 a.C., considerava os deuses uma invenção, que era, segundo ele um
desastre para a humanidade.
Já próximos a nós, Freud,
Marx e Nietzsche combateram a religião acusando-a de infantilismo, ópio,
ressentimento. Todos eles cobram aos homens a responsabilidade de assumirem o
próprio destino e se autodeterminarem.
Para Jacquard, “o próprio do
homem é a capacidade para participar de seu destino, pensar no futuro,
discernir as bifurcações possíveis, portanto, desejar e tornar-se o que decide
ser”. E “nossa dignidade reside na nossa recusa das obrigações impostas pela
natureza”. Assim, “na medida que as
religiões propagam uma mensagem de submissão, vão contra o potencial humano...”
No entanto, Jacquard
reconhece que “uma religião é uma estrutura social que contribui para a
evolução da comunidade” se orienta a ação de seus adeptos no sentido de uma
libertação.
Jacquard distingue, assim
uma religião fechada, que aposta no fanatismo, na crença de possuir a verdade
que impede a indagação, o questionamento, de uma religião libertária, que
oferecem meios para seus adeptos se orientarem, refletirem e evitarem certos
impasses. Assim, para Jacquard: “se uma religião lhe permite tornar-se aquele
que você deseja ser, ela constitui uma vantagem.”
Uma coisa são as religiões,
outra coisa é Deus. Existindo ou não, fruto ou não de nossa imaginação, Deus é
uma expressão carregada de sentido que conduziram a humanidade a elaborar uma
ética, a instalar modos de vida coletivo, a desejar ser mais (uma expressão
freireana).
Implicitamente Jacquard
defende que o esclarecimento, o conhecimento das forças e dos elementos que
regem o universo, nosso organismo, nosso cérebro, aliado a nossa
autodeterminação nos bastam. Eu não discordo, mas tenho um Deus em que
acredito.
Para mim Deus é a ilusão que
nutro de que podemos instaurar um mundo comum que permita a diversidade, a
pluralidade, a inclusividade, um mundo em que eu possa ser o que eu me
determino ser e o outro, sem o qual eu não saberia ser, seja o que ele se
determina ser.
“Eu creio num Deus que não
existe” Christine Ramos.
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