A consciência não é uma iluminação repentina; é uma lenta e
progressiva saída da “caverna”, assumindo um lugar no seio da sociedade, um
lugar de incisão, não apenas de paisagem.
A consciência é memória, experiência, imaginação, criação;
está entre as perguntas que nos fazemos, aquelas que dizem de nossa existência,
da tragédia que somos, e as respostas sempre vacilantes, incertas-certezas, que
nos vamos dando.
A consciência é um exercício de compreensão de si no mundo,
com o mundo, do mundo. Ela alimenta da observação-reflexão, pessoal e coletiva
das manifestações do mundo e de si com o mundo, no mundo, propondo-se um mundo.
A consciência amadurece demoradamente. Não é dada, a ela se
chega.
É preciso se desalojar das “verdades inquestionáveis” e das
opiniões idelogizadas, mais verdade que a verdade. A consciência é um constante
descontentamento com o estado da coisa e de si. É um exercício intelectual, não
de intelectuais apenas, ancorada no conhecimento do tesouro cultural que o
passado nos lega. Sem saberes a consciência é como água parada, estagna. É da
natureza da água renovar-se: “Não se entra no mesmo rio duas vezes, suas águas
são sempre outras” (Heráclito). É da consciência procurar saber.
A consciência é saber que existimos para nos tornarmos
pessoa; imaginando e implementando um amanhã favorável com o que está ruindo. Não
obstante o infortúnio, somos uma espécie que espera e cria as condições de
nossas esperanças. A consciência transita do agora ao devir, recolhendo
saberes: os saberes são sempre passado.
Consciência é tornar-me responsável, não por mim apenas, mas
pelo que engloba o nós. Só há amanhã coletivamente. A consciência, mesmo de
mim, é coletiva. Não consciência onde não
há compromisso social.
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