quarta-feira, março 25, 2020

CARTA AOS BARBÁROS



“Havemos todos de morrer, chegada a sua hora. No entanto, não me compete decidir quem há de morrer agora. Meu esforço é para que todos, todos não apenas alguns, atravessem mais esta jornada. Eu não decido quem morre, eu me empenho para que todos alcancem uma nova aurora”. (O Soberano)


“Havemos todos de morrer, chegada a sua hora. No entanto, não me compete decidir quem há de morrer agora. Meu esforço é para que todos, todos e não apenas alguns, atravessem mais esta jornada. Eu não decido quem morre, eu me empenho para que todos alcancem uma nova aurora”. (Soberano)

 

Tia inventava histórias. Acendia fogueira, estourava pipoca e contava-nos histórias. Suas histórias tinha sempre a mesma moral: toda vida importa. É pensando em tia que não tinha riqueza, não tinha estudos, mas tinha humanidade, que escrevo aos bárbaros.

Da criança que apenas nasce ao homem, à mulher, à idade centenária, da pessoa que habita a sarjeta, dos que estão no cárcere, aos senhores em seus palácios, não existe pessoas insignificantes: toda vida vale.

Na caminhada, havemos de perder muitas flores. No entanto, não devemos nos abandonar à fatalidade. Do outro lado da margem, não sabemos o que será, mas devemos chegar com todos: toda vida vale.

Não nos cabe escolher quem deixar pelo caminho nessa travessia incerta. O amanhã ou será um dia de todos, também dos que não chegarem, ou será vergonhoso.

Aproveitemos a oportunidade que nos alcança para irmos pensando uma nova maneira de vivermos uns com os outros.

“O século XVIII foi o século da filosofia triunfante, o XIX o da industria triunfante, o XX o da economia triunfante. Desde agora, deve-se escolher o que será o século XXI: o da barbárie triunfante ou o da condição humana triunfante” ( Albert Jacquard).

A humanidade só é possível onde toda vida vale, onde não existem pessoas insignificantes.

Soberano era rei de um mundo imaginário, coisa da cabeça de tia. A moral de suas histórias era coisa de seu coração. Eu vivo no mundo de tia onde pulsa humanidade: toda vida vale, mesmo a dos bárbaros.

 


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