A figura de Diotima, sacerdotisa e filósofa grega antiga, é conhecida através de o Banquete de Platão. Ali se afirma que Sócrates teria sido instruído por ela em assuntos de amor. O que ela ensinou a Sócrates foi a doutrina de Eros como o anseio pelo bom e pelo belo. Assim, Sócrates reconhece que ele deve a Diotima sua habilidade de despertar nos outros um esforço rumo ao que é belo e bom, rumo ao conhecimento e à excelência de si mesmo.
Já no diálogo de Platão Menexeno, tratando da retórica, Sócrates diz a Menexeno: “Acontece que tive por mestre uma mulher que está longe de ser medíocre em matéria de oratória. É a mesma que formou uma multidão de excelentes oradores, entre os quais há um que se destaca entre todos os Gregos – Péricles, filho de Xantipa. A mulher de quem Sócrates fala aqui é Aspásia. Em Xenofante, Sócrates afirma ter descoberto em Aspásia uma educadora extremamente habilidosa (Mem. II.6.36; Ec. 3.14).
Aspásia fora a segunda esposa de Péricles, o célebre e influente estadista, orador e estratego da Grécia Antiga, um dos principais líderes da democracia ateniense. Muito influente no círculo filosófico e político de Atenas, Aspásia promovia reuniões literárias em sua casa e participava do debate político da época.
Aspásio é o título de um diálogo de Esquines, discípulo de Sócrates. Nesse diálogo, Sócrates é procurado por um certo Cálias a busca de um professor de retórica para o filho. E Sócrates recomenda-lhe Aspásia. Diante das suspeitas de Cálias, Sócrates defende que foram os ensinamentos de Aspásia que tornaram Péricles um excelente orador e influente político. O mesmo ela teria feito com Lísicles, com quem se casou após a morte de Péricles e que anteriormente havia sido um mercador de ovelhas completamente sem importância. Em seu discurso, Sócrates defende que as mulheres também são importantes em questões políticas.
Em Diotima e Aspásia, Sócrates não apenas reconhece a influência que elas exerceram em sua formação. Ele cobrava uma maior participação feminina na sociedade de Atenas. E reclamava às mulheres o acesso a uma educação a par da formação dos homens. Reconhecendo serem as mulheres capazes de fazer as próprias escolhas e determinarem a própria vida, Sócrates cobrava que elas deviam ocupar posições de responsabilidade na sociedade.
Reconhecedor da presença de Diotima e Aspásia em sua formação, dessas mulheres Sócrates aprendeu algo que continuamente ignoramos: o maior obstáculo para nosso progresso intelectual é a falta de disposição para confrontarmos-nos com nossa própria ignorância.
Nenhum comentário:
Postar um comentário