“Hoje
eu tomo coragem”, ia pensando no busão, no trânsito lento da Marginal: “vou
convidá-lo para sair.” Consulta o
relógio: “Se continua assim, chego atrasado. Logo hoje, com um tanto de
relatório para entregar!” “Ele fica jogando umas indiretas, não toma coragem.
Vou investir!” Acompanha, pelo celular, as notícias que reporta um acidente
grave pouco antes de seu destino. “Vou convidá-lo para o show da Glória Groove.”
Envia um zap, informando o possível atraso. “Depois, se rolar rolou. Se não
rolar, é amizade que continua , ou não.” Já vislumbra o romance, as trocas de
carícias, o estender da noite num motel. Sente um brivido, suspira, transpira,
se abana. O teatro atrai olhares. Ruboriza de vergonha... Não
encontra o cartão no ponto, se dirige ao RH. “Senhor Jhonatham, agradecemos tua
contribuição, mas já não contamos mais com tua colaboração.” “Eu poderia me despedir da equipe, dar um alô
pro Maurício?” “Infelizmente, senhor Jhonatham, a política da empresa não
permite. Tenha a gentileza, queira esperar naquela sala: um colaborador trará
teus pertences. Desejamos um bom dia!”
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