Para Tomás Amorim Isabel
Ἐὰν ταῖς γλώσσαις τῶν ἀνθρώπων λαλῶ καὶ τῶν ἀγγέλων ἀγάπην δὲ μὴ ἔχω γέγονα χαλκὸς ἠχῶν ἢ κύμβαλον ἀλαλάζον. (Προς Κορινθιοuς A’ 13,1)
A epígrafe que abre este texto não é uma língua estranha, é grego. Mas se você não tem intimidade com o grego, ela não faz sentido algum, não te diz nada, mesmo que seja um versículo bíblico central do ensinamento paulino. Quem sabe numa outra língua estranha você a compreenda, tentemos: “Pat ja es runātu valodās, cilvēku un eņģeļu valodās, ja man nebūtu žēlsirdības, es būtu kā bronza, kas skan kā šķiņķojošs cimbāls”. Não, né! Letão – isto segundo um amigo – não é mesmo uma língua de fácil entendimento para nós.
Paulo Apostolo reconheceu o dom de línguas, mas observou que: “aquele que profetiza é maior do que aquele que fala em línguas’’. (1 Cor 14, 5). Segundo Paulo: ‘’se oro em línguas, o meu espírito está em oração, mas a minha inteligência nenhum fruto colhe” (1Cor 14, 14). Para mim, a oração em línguas é de uma relação de intimidade com Deus, onde cabe um ensinamento de Cristo: “E quando orardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de fazer oração pondo-se em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora ao teu Pai que está lá, no segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará.” (Mat, 6, 5-6).
No segredo de teu quarto até mesmo o silêncio é dom do Espírito, pois, segundo um profeta legítimo, “Deus ouve-te em teu silêncio e fala-te ao coração.” Este profeta ensina que “Deus é sutil, não espalhafatoso. Ele não está no troar dos relâmpagos, mas no sibilar dos ventos, no murmurar das águas. Mesmo quando faz milagres, Deus não dá espetáculo. Ele escapa a aplausos. Daí o Cristo ter ensinado: “não saiba tua mão esquerda o que faz a direita”” (Altamirando Boaventura). Este mesmo profeta observa: “O Espírito Santo sopra onde quer, mas não frequenta cortes e palácios, é do Espírito circular entre os necessitados, o clamor de Deus não está na boca de Reis e autoridades, está no maltrapilho, no esfomeado”
Assim, certas manifestações, ainda mais quando filmadas e viralizadas nos grupos de zap e nas redes sociais, se não é hipocrisia, é instrumentalização da religiosidade popular. E reconhecer isto não caracteriza perseguição aos evangélicos, apenas pede-lhes para estarem atentos: entre os cristãos, de todas as matizes, há lobos em pele de cordeiro. É preciso reconhecer, como o Cristo, que há entre os cristãos gente hipócrita, que faz da oração instrumento de autopromoção e de manipulação política. Suas falas incompreensíveis é puro ilusionismo e não manifestação do Espírito.
Seguindo o Apostolo Paulo, “numa assembleia, prefiro dizer cinco palavras com minha inteligência, para instruir também os outros, a dizer mil palavras em línguas (1Cor 14, 19). E como ele tinha mais apreço à profecia que ao dom de línguas, termino com nosso profeta, Altamarindo Boaventura: ‘’Não espere uma boa política de um governo que mistura interesses privados e terrenos à religiosidade de seu povo. Seu governo será um desastre e arrastará seu povo à fome, ao desemprego, à morte e será motivo de risos entre as nações.
Para quem chegou até aqui, a tradução da epígrafe que abre este texto é a seguinte: “Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse caridade, seria como bronze que soa como címbalo que tine (1 Cor 13, 1 - Bíblia de Jerusalém)”. E eu não vejo caridade alguma na familícia Bolsonaro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário