A faca sorri-me
e se me insinua
lisonjeira
Minhas mãos
a acaricia sem pudor
e brinca com o fio
de sua lâmina
como quem
prelimina
Toma de seu cabo
com firmeza
e a faz dançar no ar
A faca ri-me
Ri-me
Ri-me
Sussurra-me
ao pé do ouvido
coisas indizíveis
Suave desce à garganta
a jugular em frêmito
a anseia
penetrando-a
fria e firme
A leiteira rompe
a apitar
Frustrada a faca
Corta o pão e
lhe espalha manteiga
“Há de haver outra ocasião”
Confidencia-me
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