Viva
com aqueles que possam te tornar melhor e que você possa torná-los melhor. É
uma vantagem recíproca, porque os homens, enquanto ensinam, aprendem. (Sêneca)
A
verdadeira sabedoria é estar certo de não saber e aberto a aprender. (Rodner
Lúcio)
Anteriormente
vimos que a Filosofia é uma palavra composta do termo amor e do termo
sabedoria. Radicada no amor, a Filosofia convoca a pessoa humana a realizar-se
conjugando o sair de si na coexistência com outros e outras e o recolher-se em
si, numa perspectiva de transcender-se. Vimos que o amor, em sentido filosófico,
exige determinadas atitudes: cuidado, respeito, responsabilidade e
conhecimento. Cabe agora tratar então da sabedoria.
A
esfera da sabedoria nos dirige à exploração dos valores que qualificam a
existência humana. Inclinada à sabedoria, a pessoa visa a produzir
conhecimentos, atitudes e ações que a aperfeiçoe e a vincule à comunidade
humana numa coexistência pacifica e solidária.
No
sair de si e perceber-se coexistindo, a pessoa toma consciência de suas
limitações e imperfeições. Na covivência com outros, produzindo um mundo comum,
manipulando a natureza e seus recursos, a pessoa desenvolve instrumentos e
técnicas que potencializam suas capacidades e facilitam sua vida. Por meio
desses instrumentos e técnicas a pessoa organiza a comunidade humana e produz
conhecimentos que a aprimoram. No entanto, os instrumentos e técnicas que a
pessoa e a comunidade humana criam para facilitar o co-viver e o auto-aperfeiçoar-se
podem, também, segundo seu uso, voltarem-se contra ela e a comunidade humana,
colocando-as em risco.
A
sabedoria, sem impor-se à pessoa, procura ilumina-la, apontando tais riscos,
questionando intenções e desejos que permeiam o fazer humano, reclamando uma
prevalência a valores: respeito, responsabilidade, cuidado, voltados à plena
humanização.
Se
da plena Humanidade a pessoa se aproxima ou se afasta segundo os valores e
meios de que faz uso, orienta-la, colocando questionamentos e convocando à
reflexão, ao ponderar das ações é tarefa que a sabedoria se dá. Assim, sem ser
impositiva, a sabedoria visa o mais alto fim da pessoa: o advento de sua
humanidade plena.
Por
isso, da sabedoria, faz-se companheira a esperança. Uma esperança que evoca uma
pratica radicada em atitudes e compromissos que evoquem na pessoa a disposição
para transformar a realidade exterior, aproximar as pessoas entre si,
autodeterminar-se, em vista de sua realização mais plena e perfeita. O que a
sabedoria espera não é louvação dos que dela se aproximam. Ela espera que o
humano atinja sua plenitude de humanidade, sabendo fazer justo uso de meios e
recursos à sua disposição. Então, é para o que é justo e digno de ser vivido
que a sabedoria se acerca.
Enredada
no binômio amor-sabedoria, a Filosofia assume um compromisso: manter vivo o convite
às pessoas à convivência reflexiva e dialogada; à ação comprometida com o
respeito, a responsabilidade e o cuidado com o mundo e as pessoas, comprometida
com liberdade e a autonomia do pensar e a autodeterminação das pessoas.
Nesta
perspectiva, a Filosofia não impõem respostas, receitas ou vaticínios, cabe-lhe
indagar as interpretações que se dão do mundo e do humano, e questionar os
rumos que a humanidade se dá no afã de transcender-se...
Se
“sábio não é quem tem as respostas certas e sim quem tem as perguntas justas”, e
se “a função do amor é levar o ser humano à perfeição”, a Filosofia, enquanto
sede da sabedoria e morada do amor, colocando questionamentos ao ser humano,
cuida para que a esperança da plena humanidade concretizando-se em cada ser
humano não desfaleça...
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