A vidraça embaçada
chuva veraneia
o quarto abafado, sem ventilação
a luz acesa
a radio ligada
mãe e tias
na sala.
Eu, à toa
espichava olhares furtivos
às pernas da prima.
Foi sonho,
delírio,
desatino,
belisquei -lhe a bunda
“Madrinha, olha o primo!”
“Já pro quarto, menino”
Eu me emburrava
com a chuva açoitando a vidraça
A prima veio ao quarto,
a mãe a tias na sala,
Dedo nos lábios,
um sorriso cúmplice,
desabotoou a camisa
desfez-se da saia
me envolveu em seus braços.
desfiz-me em seu gozo
Acordei.
A chuva havia passado.
A prima, as tias
tinham se ido
Deixaram abraços
pedaço de bolo
“Da próxima vez
te passo a vara
na frente de todos”
disse-me mãe
naquela tarde de verão
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