quinta-feira, dezembro 10, 2020

Tarde de Verão

 

A vidraça embaçada

chuva veraneia

o quarto abafado, sem ventilação

a luz acesa

a radio ligada

mãe e tias

na sala.

Eu, à toa

espichava  olhares furtivos

às pernas da prima.

Foi sonho,

delírio,

desatino,

belisquei -lhe a bunda

“Madrinha, olha o primo!”

“Já pro quarto, menino”

Eu me emburrava

com a chuva açoitando a vidraça

A prima veio ao quarto,

a mãe a tias na sala,

Dedo nos lábios,

um sorriso cúmplice,

desabotoou a camisa

desfez-se da saia

me envolveu em seus braços.

desfiz-me em seu gozo

Acordei.

A chuva havia passado.

A prima, as tias

tinham se ido

Deixaram abraços

pedaço de bolo

“Da próxima vez

te passo a vara

na frente de todos”

disse-me mãe

naquela tarde de verão

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