quarta-feira, dezembro 30, 2020

DA AMIZADE

Os que desejam bem aos seus amigos por eles mesmos são os mais verdadeiramente amigos, porque o fazem em razão da sua própria natureza e não acidentalmente.

Aristóteles

 

Aristóteles dispunha a amizade em três categorias: segundo a utilidade, segundo o prazer, segundo a virtude.

Segundo a utilidade e segundo o prazer, a amizade é acidental, se dissolve quando uma das partes deixa de ser útil ou agradável e a outra parte a deixa de amar. Sustentada no interesse ou no prazer, a amizade é efêmera, passageira.

A amizade perfeita para Aristóteles não abole a utilidade e o prazer, mas não se sustenta em uma ou outra. A rocha em que se funda a amizade verdadeira é a rocha da virtude. Ela se estabelece entre pessoas que “são boas e desejam o bem uns dos outros”.  Pessoas boas têm a justiça como cerne de suas experiências e procuram o bem, não por algum tipo de vantagem, mas pelo bem em si mesmo. Quando duas pessoas com tais características se unem, ensina Aristóteles, tem se a amizade perfeita. Este tipo de amizade é rara, porque pessoas que visam o bem em si mesmo e tem a justiça por critério de ação são raras. Ela requer tempo e convivência.  Se a amizade fundada na utilidade e ou no prazer é evanescente, a amizade fundada na virtude é duradoura, ela perdura às contrariedades e turbulências que a existência nos coloca dia-a-dia.

Deixando Aristóteles, encontramos Cícero que diz: “Prefiro a amizade a todos os bens desta terra; com efeito, nada se harmoniza melhor com a natureza, nada esposa melhor os momentos, positivos ou negativos, da existência.”

E como Aristóteles, insiste Cícero: a verdadeira amizade de dá entre pessoas éticas, justas, que buscam a retidão de conduta e sempre o bem estar do amigo.

De minha parte, não sei se sou bom amigo, desconfio que não. Mas se insisto em existir quando o que desejo é não ser, é devido ter amigos. Destes prezado por Aristóteles e Cícero.

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