Eu tenho observado uma coisa: o termo família, parece-me, pode ser aplicado a uma série de situações de amizade e camaradagem, menos para família. Eu tenho muitos conflitos com minha mãe, meu pai, meus irmãos e irmãs, considero alguns encontros entre amigos, encontros familiares. Com eles não há conflitos, há apenas bebericadas, comilanças, troças de ideias destoantes, a aceitação parcimoniosa de nossos desatinos. E é isso que procuramos: uma família em que não temos que dar explicações nem assumir responsabilidades... Mas família, família mesmo: é pai, mãe, irmãos, irmãs, com todas as rusgas que se possa produzir em seus encontros. Eu não dou minha confiança e minha lealdade a ninguém que maldiz seus irmãos e irmãs, que demonstra pouco respeito por seu pai, sua mãe. Família não é para ser um paraíso é para ser o berço onde forjamos nossa personalidade e nossa personalidade se forja no conflito, principalmente com nosso pai, com nossa mãe. Um dia percebemos, como diz a canção, que somos como eles e como nossos irmãos e irmãs. Eu brigo muito com minha família, não a troco, porém por minhas amizades, que podem até ser uma espécie de família, mas é uma espécie menor. Pai, mãe, irmãos, irmãs não se substituem.
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