quarta-feira, novembro 20, 2019

RACISMO COVARDE


A ideia que entende a humanidade constituída por raças diferentes se difundiu com a formação dos Estados nacionais europeus no século XVI e raça significava pertencer a uma linhagem. Até o século XIX, não havia uma classificação entre raças superiores e inferiores. A definição de raça como um sistema de classificação humana se dá na França, no século XVIII com a criação da Frenologia. A Frenologia pretendeu estabelecer as características de cada raça com base nas medidas e no tamanho do cérebro. Ela influenciou as teorias eugênicas sobre raças superiores nos séculos XIX e XX. Um de seus mais destacados adeptos foi o italiano Cesare Lombroso, criador da Antropologia Criminal, defendia que a criminalidade era uma questão biológica e hereditária. No século XIX, com o chamado darwinismo social, se afirmará não só a diferença de raças humanas, mas a superioridade de umas sobre as outras e a eugenia, que propõe uma seleção artificial das raças, eliminando as raças inferiores. O racismo é a aplicação prática dessas teorias. Sua expressão ocidental mais trágica deu-se com o nazismo e os campos de concentração, sobremodo Auschwitz.
No Brasil o racismo sofre influência de Arthur de Gobineau, um conde francês, partidário de um determinismo racial absoluto. Gobineau escreveu o Ensaio “Sobre a desigualdade das raças humanas” (1855), que apresenta os primeiros fundamentos para a eugenia e o racismo no século XiX. Ele serviu como diplomata no Brasil durante o segundo império e teve grande influência na corte. Gobineau considerava o Brasil, devido a miscigenação de seu povo, uma nação dada ao fracasso, à degeneração. A única saída seria o incentivo à imigração de "raças" europeias, consideradas superiores. Nossa sociedade escravista absorveu com deleite as teses de Gobineau e delas se alimentam ainda hoje.
É preciso pontuar que o racismo não é universal, não são todos os homens e mulheres que são racistas. O racismo tornou-se uma ideologia de classe, justifica o poder e os privilégios econômicos de uns poucos. Como toda ideologia, atinge indivíduos fora das classes privilegiadas, mas é uma ideologia de classe.
Condenado moral e criminalmente, é combatido no mundo todo. No entanto, como uma doença incurável, alimenta entre nós a visão de mundo de uma elite presa ao escravismo.
E em sua expressão mais bárbara e irracional tem se manifestado como pratica covarde. Falta a seus adeptos argumentos, são homens e mulheres ignorantes que alimentam uma fantasia de superioridade. Como não há mais ciência que justifique tal fantasia, fazem uso da arrogância, da força, da injuria e da brutalidade para imporem-se como se fossem senhores de engenho. A atitude do deputado Marcio Tadeu, do PSL, é uma ilustração cabal de tamanha covardia.

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