sábado, junho 08, 2019

BANANÓPOLIS



Bananópolis um dia será devidamente estudada. Seu povo é por demais sui generis. Desprezam o ensino e a pesquisa, mas gostam de ostentar falsas informações, quanto à formação acadêmica, em seus currículos. Atacam as universidades públicas, mas gastam fortunas com escolas para seus filhos terem vagas garantidas nas universidades que atacam. Fazem leis, as desrespeitam, e porque as desrespeitam, desfazem a lei. É disto que quero tratar. Era senso comum em Bananópolis que pisar na grama não convinha. Então colocava-se onde houvesse grama uma pracinha indicando: “Não pise na grama”. Um legislador achou por bem tornar o que era senso comum lei. E lei, sabemos como é, nós não as cumprimos de bom grado. Tanto é verdade, há cientistas que dedicam toda uma vida procurando entender as leis do universo e da vida, procurando modo de burla-las. Então, junto com a lei, sempre se torna preciso criar mecanismos de vigilância. Assim, em Bananópolis criou-se os gramáticos, ficais de cumprimento da lei que proibia pisar na grama. Surgiram dois problemas: Bananópolis não podia onerar-se com mais este sistema, a extensão do território não permitia fiscalizar todos os pontos gramados. A fiscalização tornou-se ineficiente e abusiva. Os descontentes com a lei, como os cientistas, buscavam meios de a burlar.  Em Bananópolis quando algo parece tornar-se muito problemático, sempre aparece um jênio. Como a lei das gramas tornou-se problemática, e retornar ao senso comum não era mais possível, um jênio sugeriu: “porque não cimentamos tudo?”. Bananópolis está em pé de guerra: “Não ter grama é um direito!” gritam os defensores do jênio. “o direito é ter grama!”, retruca os opositores.  Para agradar a gregos e troianos o governo de Bananópolis editou um decreto assai interessante. Reza o decreto: “aqueles que acham que não devem pisar na grama ficam proibidos de pisar na grama; aqueles que acham que podem pisar na grama ficam livres para pisar na grama”. À imprensa explicou o governo: “tomamos essa medida porque o cimento está caro e não teríamos como cimentar toda Bananópolis!”. Bananópolis um dia será devidamente estudada.

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