quarta-feira, setembro 05, 2018

ORDINARIUS IUSTITIA



A história quem me conta é meu compadre e surgiu de um bate-papo sobre justiça e política. Conta o compadre que “um certo tipo, durante  12 anos foi pontual com o pagamento da pensão do filho, mas, em um certo mês, devido um erro no contracheque, passou um perrengue, e não tendo reservas, transferiu o valor da pensão, na época em torno de R$ 2000,00, com déficit de R$ 100,00. Passado alguns dias, estando com o filho, e tendo resolvido o problema do contracheque, repassou ao filho os R$ 100,00 faltantes. Caso é que, em determinada manhã, um oficial de justiça o visitou com uma intimação judicial. A mãe do mancebo requisitava em juízo o pagamento da pensão, alegando não reconhecer o valor aquém em sua conta corrente como caracterizante de pagamento de pensão, pois apenas o valor cheio, em seu entendimento, caracterizaria o mesmo. O caso foi a juízo, e o sujeito explicou-se como pode, apresentou extrato bancário indicando a transferência do valor em menos, mas acrescentando ter complementado em espécie diretamente ao interessado, que foi chamado em causa pela defesa, mas alegando “interesses afetivos conflitivos”, a juíza desconsiderou. O fato é que a juíza reconheceu que o réu havia pago a pensão, mas como era mulher, em nome do que ela chamou “sorolidade”, deu causa à requerente e determinou ao réu, não apenas o pagamento de um mês de pensão, com as devidas correções monetárias, como revogou o direito de visita por seis meses.” Entre estupefato e incrédulo com o que ouvia, meu compadre emendou: “a mesma ‘sorolidade’ não apresentou a meritíssima, quando o caso envolveu o ilustre Sr..., que numa tacada só tornou-se pai e avô. Você, por certo compadre, se lembra do caso da filha de empregada de uma influente família aqui de Ordinarius, não se lembra compadre? Pois bem nesse caso, a meritíssima entendeu que mãe e filha agiram em conluio para macular a honra de respeitada e tradicional família de Ordinarius, e não sentenciou as mulheres a indenizar o digníssimo Sr..., por ‘gesto de grandeza’.” Finalizando, meu compadre concluiu: “assim, compadre, funciona politicamente nossa justiça. Nossos juízes têm posicionamentos tomados, decidem como classe... Não fica difícil, portanto, entender suas decisões judiciosas. Principalmente quando o que está em jogo não é estabelecer a justa justiça, mas, interesses políticos.”

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