terça-feira, dezembro 06, 2016

A HORDA

“Tudo posso naquele que me serve, dizia um senhor montado em seu escravo, trocadilhando a Sagrada Escritura.”



Estava à toa na vida
O meu
 amor me chamou
Pra ver a horda passar
clamando direitos de Senhor

A minha gente sofrida
espoliada e de “cor”
vendo a horda passar

Clamando heróis sem pudor

O homem lobista que despachava dinheiro desfilou
O playboy com conta na Suíça desfilou
A
socialite que contava sapatos
Para ver, ouvir e dar passagem

A filha do deputado, tanta vezes denunciado, aderiu
A funcionária fantasma vestindo verde e amarelo aderiu
E os meninos do MBL, financiados por Aécio e Caiado, se assanharam
Pra ver a horda passar
com aquele pato, um horror

O velho fraco e sem aposentadoria acostumado a não pensar em crise
acreditou que ainda era moço e podia ser empreendedor e dançou
A madame com suas panelas debruçou na janela
Acenava à horda desfilando pra ela

A horda verde e amarela se espalhou na avenida e insistiu
A imprensa que dos estudantes nada diz cobriu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a horda passar clamando ser tratada Doutor!

Mas para meu espanto
O que era passado voltou
na memória de quem não o viveu
junto com o pato que passou

E cada qual com seu argumento
Em cada argumento um mesmo desejo
Depois da horda passar
Clamando direitos de Senhor

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