quarta-feira, outubro 20, 2021

ESTA INÚTIL ESPERANÇA É A NOSSA ÚNICA FORÇA

 

Embora o capitalismo tenha a propriedade de tudo transformar em mercadoria, que, uma vez consumida, torna-se descartável: e a vida tornou-se descartável. Embora o capitalismo deteriore as relações de trabalho em mando e obediência, em ganho de uns e perdas para tantos: tão poucos com tudo, tanto e tantos sem nada. E embora o acúmulo e não a partilha seja a mola do capitalismo e seu produto a indiferença, a mesquinhez, a pior das misérias humanas: a ganância. Não obstante a miséria humana, a terra arrasada que o capitalismo desenha em seu avanço, há algo que lhe escapa: o humano é esperança. É contra a esperança que o capitalismo avança. E só a esperança o ameaça. Contra o capitalismo não nos faltam discursos. Contra o capitalismo a esperança é a ação que nos falta. Sem esperança não há mudança, há apenas resignação e cantinelas amarguradas contra o que compete a nós mudarmos. Esta inútil esperança, sobre a qual o capitalismo avança, em sua náusea sufocante, é a nossa única força.

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