Embora o
capitalismo tenha a propriedade de tudo transformar em mercadoria, que, uma vez
consumida, torna-se descartável: e a vida tornou-se descartável. Embora o
capitalismo deteriore as relações de trabalho em mando e obediência, em ganho
de uns e perdas para tantos: tão poucos com tudo, tanto e tantos sem nada. E embora
o acúmulo e não a partilha seja a mola do capitalismo e seu produto a
indiferença, a mesquinhez, a pior das misérias humanas: a ganância. Não obstante
a miséria humana, a terra arrasada que o capitalismo desenha em seu avanço, há
algo que lhe escapa: o humano é esperança. É contra a esperança que o
capitalismo avança. E só a esperança o ameaça. Contra o capitalismo não nos
faltam discursos. Contra o capitalismo a esperança é a ação que nos falta. Sem esperança
não há mudança, há apenas resignação e cantinelas amarguradas contra o que
compete a nós mudarmos. Esta inútil esperança, sobre a qual o capitalismo
avança, em sua náusea sufocante, é a nossa única força.
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