domingo, outubro 17, 2021

DIA DE MISSA

 

Era domingo tardinha. Os tios acompanhavam Corinthians e Palmeiras, jogando carta. O primo e alguns amigos ouviam vitrola e bolavam um baseado. As primas se arrumavam para acompanhar vó e tia à missa. Maria Rita escolhia o vestido e perguntava à tia o seu juízo: “Este florido, com o arranjo de cabelo combinará bem.” Clarinha corria para o banheiro. Desceu o vestido, tolheu o sutiã, tirou a calcinha... A água corria seu corpo ensaboado: “sinto por dentro uma força, vibrando uma luz. A energia que emana de todo prazer.” “Onde anda Tunico?”, era vó. “Tuniiico, Tuniiico, diacho de menino, onde você se meteu?” Eu era, entre frestas, perdido nos segredos de Clarinha. Se vó me pegasse era castigo certo. Escorreguei gatuno para o quintal. “Meu bem você me dá agua na boca...”, o primo e os amigos, bolando, curtiam vitrola. O tio gritava: Gooool. “Tunico, vem se aprontar, menino!”. Vó me chamava para irmos à missa.

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