O sítio era pequeno, tinha uma modesta casa de farinha e um não menos modesto alambique. Ambos muito pouco utilizados. A roça parecia abandonada e os poucos animais, alguma cabeças de cabra, outras de galinhas e patos, os dois cachorros, um caramelo: Bio, o outro malhado: Curisco, e Sabina, uma cadelinha simpática, pareciam deixados à própria sorte. Tinha ainda três leitõezinhos, num chiqueiro improvisado. A casa, 3 quarto, banheiro interno, “Coisa difici di incontrar nestas banda”, informava Adelma, sala e cozinha com um fogão de lenha, portas e janelas a tramela, precisava de reforma. “Esta meio precarizado...” Adelma, olhou-me com semblante inquisitivo. “Está precisando de ser cuidado, ajustado, parece abandonado”, disse-lhe. “Adespois que nhô Bastião morreu, que Deus o tenha, sinhá Matilda perdeu gosto. Os menino já tudo formado, morando na cidade, quase não vem por cá. Eu e Osório faz o que pode, mas num dá conta, não!”. Enquanto Jhoana averiguava tudo com olhar criterioso, atendo-se a detalhes: “esta tramela é segura?”, “aquela rachadura ali, não é perigosa?”; “este assoalho...”, “aquele fogão de lenha...”, as crianças encantavam-se com os bichos. “Pai vamos levar um leitãozinho?” pedia um. “Aquela cabritinha, pai”, pedia outro. Para o almoço Adelma caprichou: Couve na manteiga, frango com quiabo, farofa de torresmo, feijão com toucinho, arroz temperado no alho. Osório ofereceu-me cachaça: Tá pruns 10 anos está cachaça, dotô. Pedrinho, tava pra nascer.” Pedrinho era o neto de dona Matilda, a dona do sítio. “Pedrinho nunca que veio aqui!”, comentou Adelma. Depois do almoço, exploramos o sítio. Jhoana recolhia mudas de plantas e ervas, os meninos corriam soltos, vivazes, aventurando subir em árvores. Partimos no finzinho de tarde, depois de tomarmos um farto café. Adelma preparou-nos ainda um fardo: broa de milho, pão de queijo, rapadura, queijo, uma garrafa de cachaça. Os meninos, extenuados da jornada, era um misto de contentamento e desapontamento: “O Percival ficou triste, ele queria tanto vir com a gente!”, disse o mais novo. “Quem é Percival?”, perguntamos. “O leitãozinho, ele queria tanto conhecer a cidade!”
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