quarta-feira, março 17, 2021

PARAÍSO PERDIDO EM MIM

 

 Na manhã daquele dia, ao sair para o trabalho, tomei o 513U que passa pela Magalhães Pinto. Comumente eu tomo o 512C, que passa pelo Colégio Bonifácio Almeida. Mas eu queria, antes de chegar à empresa, passar na Quintino, uma banca de jornal na esquina da Magalhães Pinto com a Olivia Tastemark. A Quintino era uma banca voltada para a comunidade japonesa e oferecia uma gama variada de hentais. Quem me apresentou o hentai e me falou da Quintino foi o Augusto, que era “consumidor compulsivo de orientalismo”, conforme ele dizia. Então, naquela manhã, eu tomei o 513U. Foi no ponto da Souto Silva que você entrou toda atabalhoada, tentando dar conta da pasta A2, a régua T, o canudo de arquiteto e o ajustar da camiseta insistindo em erguer-se e você insistindo em ajustá-la à cintura. Ofereci-te o lugar. Teus olhos brilharam, teu sorriso abriu-se. Em tua voz agradecendo-me, colhi o paraíso. Para não perdê-lo, nunca mais tomei o 513U. Quando vou à Quintino, desço na Porto Ferreira, e caminho pela Paulo Arantes, passando em frente à Faculdade de Arquitetura

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