A
história da humanidade é a história que o homem empreendeu para se proteger da
natureza em busca de alimento, abrigo, proteção, segurança. De caça, o homem
passou a caçador, de coletor de grão, frutos, raízes, passou a cultivador do
solo, de habitante das copas de árvores, fendas e cavernas, tornou-se
construtor de cabanas, casebres, palácios, templos, de errante nômade,
apropriou-se de territórios, fixou-se e formou comunidades: aldeias, tribos,
cidades, megalópoles. Aprendeu a dominar o fogo, a usar a força dos ventos, a enfrentar
a fúria das tempestades, alcançou o espaço.
Em sua
aventura, o homem enfrentou tormentas, furacões, terremotos, irrupções vulcânicas.
Instalou-se nas mais inóspitas regiões do planeta, se enfrentou em guerras, foi
atingido por calamidades naturais e terríveis flagelos, frutos de suas mãos. Milhões
de espécies animais e vegetais foram anuladas, povos foram dizimados, vidas
escravizadas, sacrificadas para atingirmos conforto, comodidade, segurança.
Levou
séculos, mas o homem tornou-se capaz de conhecer e usar a seu favor as leis da
natureza, criou um mundo próprio: o mundo humano. Acreditando-se senhor de si e
de tudo o que o rodeia, o homem entrou numa corrida suicida de a tudo e a todos
dominar e submeter.
A natureza,
embora se deixe conhecer, e se ofereça às necessidades humanas, continua seu curso,
que alguns julgam saber quando começa – o fim, em todos os sentidos é
especulação, ninguém sabe como nossa história termina –, indiferente à criação
humana, seu mundo de “comodidades”, “bem estar”, “desfrute de seus prazeres e
poder”, o universo mantém suas leis. De quando em quando a natureza – que nãos se vinga
– nos faz lembrar que também nós somos
naturais e que aniquila-la é nos aniquilar, que conhecer suas leis não nos
tornam seus senhores, nos tornam responsáveis por nossos destinos. E onde não
há respeito por todos e por tudo não há futuro. A natureza não precisa de nós,
somos nós que dela dependemos. A extinção da vida humana não afeta a existência
do universo. Nossa música, nossa dança, nossa poesia, nossa arrogância, nada
abala suas leis. Não basta conhecer e manipular as leis da natureza. Entre nós,
passou um sábio que ensinava: “é preciso conhecer-te a ti mesmo.” Em tudo o que
fazemos, nada mudamos se não mudamos a nós mesmos: eis a lei que nos imprimiu a
natureza.
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