sexta-feira, maio 01, 2020

NADA MUDAMOS SENÃO A NÓS MESMOS




A história da humanidade é a história que o homem empreendeu para se proteger da natureza em busca de alimento, abrigo, proteção, segurança. De caça, o homem passou a caçador, de coletor de grão, frutos, raízes, passou a cultivador do solo, de habitante das copas de árvores, fendas e cavernas, tornou-se construtor de cabanas, casebres, palácios, templos, de errante nômade, apropriou-se de territórios, fixou-se e formou comunidades: aldeias, tribos, cidades, megalópoles. Aprendeu a dominar o fogo, a usar a força dos ventos, a enfrentar a fúria das tempestades, alcançou o espaço.
Em sua aventura, o homem enfrentou tormentas, furacões, terremotos, irrupções vulcânicas. Instalou-se nas mais inóspitas regiões do planeta, se enfrentou em guerras, foi atingido por calamidades naturais e terríveis flagelos, frutos de suas mãos. Milhões de espécies animais e vegetais foram anuladas, povos foram dizimados, vidas escravizadas, sacrificadas para atingirmos conforto, comodidade, segurança.
Levou séculos, mas o homem tornou-se capaz de conhecer e usar a seu favor as leis da natureza, criou um mundo próprio: o mundo humano. Acreditando-se senhor de si e de tudo o que o rodeia, o homem entrou numa corrida suicida de a tudo e a todos dominar e submeter.
A natureza, embora se deixe conhecer, e se ofereça às necessidades humanas, continua seu curso, que alguns julgam saber quando começa – o fim, em todos os sentidos é especulação, ninguém sabe como nossa história termina –, indiferente à criação humana, seu mundo de “comodidades”, “bem estar”, “desfrute de seus prazeres e poder”, o universo mantém suas leis.   De quando em quando a natureza – que nãos se vinga – nos  faz lembrar que também nós somos naturais e que aniquila-la é nos aniquilar, que conhecer suas leis não nos tornam seus senhores, nos tornam responsáveis por nossos destinos. E onde não há respeito por todos e por tudo não há futuro. A natureza não precisa de nós, somos nós que dela dependemos. A extinção da vida humana não afeta a existência do universo. Nossa música, nossa dança, nossa poesia, nossa arrogância, nada abala suas leis. Não basta conhecer e manipular as leis da natureza. Entre nós, passou um sábio que ensinava: “é preciso conhecer-te a ti mesmo.” Em tudo o que fazemos, nada mudamos se não mudamos a nós mesmos: eis a lei que nos imprimiu a natureza.

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