- Cumpadi, mi diz uma coisa.
- Qu’é cumpadi?
- Ói, nóis tem pouco mio, e tem um galo veio, já mais pra
canja que pra canto, e um franginho cheio de votade. Pra que nóis dá o mio?
- Dipende, cumpadi, dipendi!
- Dipende de que sô?
- Se o galo é di coroné, e o frango di oce, cumpadi.
Estamos confiantes de que a ciência encontrará uma cura para
a covid-19. Talvez demore. Mas nós confiamos na ciência. Mas não será a ciência
que irá administrar a vacina, porque o poder da ciência é limitado a encontrar
a cura. Quem administra a cura é a política, subordinada à economia. Eu confio na
ciência, mas a ciência não é para nós. Seus frutos nos chegam em migalhas,
quando chegam, quando precisam de nós para a roda continuar girando. Então,
quando houver cura para a covid-19, a pergunta é: Quem poderá pagar pela
vacina? O idoso com uma doença crônica, mas com títulos e sobrenome, ou o
adolescente com um potencial de vida pela frente, mas marcado de sina Severina:
“iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte Severina”? O que
decide quem morre e quem vive é a economia. “Em casa de farinha pouca, meu
pilão primeiro!” “Onde falta mio, primeiro o galo do coroné, depois os fio”,
aprendi de minha avó. A economia decide, a política executa. O resto é nossa
fantasia de acharmos que somos humanos, sem saber o que é ser humano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário