segunda-feira, abril 27, 2020
AMAR SE AMA SEM CAUSA
sexta-feira, abril 24, 2020
ERRANDO SE APRENDE?
“A alma melhor é evidentemente a que tem mais capacidade e sabedoria, mas também a que tem mais poder para agir das duas formas em qualquer ação: a nobre e a desonrosa.” (Sócrates, in Hípias Menor)
O que errar nos ensina?
I
Saber-nos
humanos é saber-nos perfectíveis, saber-nos perfectíveis é saber-nos falhos.
Saber-nos perfectíveis, falhos, faz-nos procurar e desenvolver meios de nos
tornarmos melhor. Nesta dinâmica, nos percebemos dotados de criatividade num
mundo já “criado”, com seus mecanismos e suas leis. Nós entramos e saímos do
mundo, ele está posto quando chegamos, e permanecerá, ao menos esperamos que
permaneça, com nossa partida. É conhecendo os mecanismos e as leis que regem o
mundo e as relações humanas nele desenvolvidas, unindo a projetos de
sustentabilidade, solidariedade, preservação, justiça, que nos vamos melhorando...
É na vigilância de nossos atos e atitudes que colocamos nossa criatividade numa
perspectiva utópica: podemos melhorar o mundo, podemos ser melhores. Contra uma
perspectiva apocalíptica: nós somos um “câncer”, um “vírus”, estamos colocando
o mundo a perder, apostamos numa profecia criativa: havemos de ser plurais e
singulares, um só sendo diversidade.
II
Nós
homens e mulheres estamos sempre olhando para o ontem. Ora saudosos de um tempo
idílico, ora críticos dos desmandos e desarranjos que assombram o nosso hoje.
Do sonho à realidade, analisando, questionando, deslindando, conhecendo,
percebemos que da caverna ao hoje fomos capazes de reduzir nossa fadiga por
abrigo e alimento, aliviar nossas dores, prolongar nossas vidas. Mas fomos
capazes, também, de alimentar conflitos, aprofundar desigualdades, ameaçar
nossa existência e do planeta. Nós
homens e mulheres estamos sempre olhando para o amanhã. E o amanhã é sempre uma
mescla de utopia e apocalipse. O nosso hoje, por isso é também uma mescla de
acomodação, resignação, insatisfação, expectativa, temor, iniciativas,
superação, criatividade. Riscos e receios nos mobilizam.
III
Somos
seres que erra. E o erro produz mal entendidos, conflitos, inimizades,
desperdício de recursos, de energias, sofrimento, injustiças. Mas ninguém erra
porque quer. O erro voluntário deixa de ser erro.
Três
sujeitos chegaram à final de um torneio de arco e flecha e deveriam acertar, de
certa distância, uma maçã sobre a cabeça de um boneco. O primeiro a lançar a
flecha acertou a maça em cheio. O segundo acertou não a maçã, mas o centro da
flecha do primeiro arqueiro. O terceiro arqueiro, concentrou-se, mirou o alvo,
respirou profundamente e arremessou sua flecha. Acertou a perna esquerda de um
que assistia a disputa: “Da próxima vez eu não erro!” o tipo atingido pela
flecha entendeu o recado.
O
erro voluntário não é erro, é escolha. Por escolhas se responde.
IV
Sem
certos conhecimentos, ou condições de conhecimento, não há como perceber um
erro... Não percebendo erro, continuamos errando. Nós não aprendemos com os
erros. Nós produzimos conhecimentos que nos revelam os erros. Nós somos seres
produtores de conhecimento, porque é o conhecimento que nos aperfeiçoa, é o
conhecimento que alimenta nossas melhores expectativas. E conhecemos porque
somos capazes de colocar sob análise os resultados de nossas ações,
principalmente quando destoam de seu propósito. E fazendo isso descobrimos os
erros. Não aprendemos com nossos erros,
se não os descobrimos continuamos errando. Aprendemos desenvolvendo ou aprimorando
nossas condições de conhecimento. Não
somos perfeitos, mas podemos sempre sermos melhores. Errar não é uma escolha.
Sermos melhor sim.
Quem
conhece pode, também, escolher errar (aqui entramos numa questão moral). Quem
não conhece só pode errar! No caminho ao conhecimento produzimos erros. Mas não
é o erro que nos ensina, é percebê-lo. O Erro se não é infértil, apenas produz
danos. Não é errando que aprendemos. Aprendemos por querer saber por que
erramos...
sexta-feira, abril 17, 2020
A CIÊNCIA NÃO NOS SALVARÁ
quinta-feira, abril 16, 2020
FLOR-IMAGEM
Para Patrícia Opereta

Perco-me em memórias
ante a flor-imagem
em minha tela
Beleza capturada
em sua fugaz passagem
Um olhar único, sensível
a congela
Não é mais, então,
a beleza enquadrata da flor
que me arrebata
É o olhar-sorriso de quem a imortaliza
que contemplo
em memórias de sua presença
Somos tão próximos mesmo distantes
neste fugaz suporte
Na flor-imagem na tela
não é a flor mesma,
mas quem a retrata
que se revela
É em seu olhar que me perco.
Imagem:Patricia Albuquerque.
DE LUIZ A JAIR
terça-feira, abril 14, 2020
DISTOPIAS
segunda-feira, abril 13, 2020
ADEUS MESTRE MORAES MOREIRA
Moraes Moreira
Vamos ficando pobres
é mais um que nos deixa
quando além de ciência
equilibrada
e de fé
sem insanidade
precisamos
de cancioneiros e poetas
pra essas horas tão vagas
e incertas
Adeus Mestre Moreira,
Adeus!
A felicidade te espera
lá onde tudo se ilumina
"Numa paisagem
entre o pão e a poesia
entre o quero e o não queria
entre a terra e o luar"
Vai, vai em paz mestre Moreira
suas canções entre nós
ficam
mistério do universo
enquanto nossa casa
é o mundo
e nossa riqueza a união
da natureza e da razão
"Da verdade e da beleza
Equilíbrio permanente
Entre a natureza humana
E a divina natureza"
sexta-feira, abril 10, 2020
HOMEM NO MADEIRO
Homem flagelado
Escarnecido
Senhores do mundo?
Que fizestes?
Homem das Dores
Por que pendes no madeiro?
Eu amei os pequeninos
Andei entre os discriminados
Alimentei os famintos
Comi com os enjeitados
Acolhi os despatriados,
Semeei com o homem do campo
Expulso de suas terras
Curei cegos, paralíticos, aleijados
Estive com prostitutas, samaritanas,
desamparados
Perdoei pecados
Ensinei o amor de Deus
Que é perdão, partilha e solidariedade
Homem flagelado
Escarnecido
Homem das Dores,
No madeiro
Que esperava que fizessem?
Queria que o reconhecessem?
O Deus deles é o poder
E o dinheiro
Nesta carne de pouco preço
Como homem do povo
E não cidadão de berço,
Tiveste o que mereceste!
Quando voltardes como promete
Homem dependurado no madeiro
Não te esqueças
Nas periferias não te reconhecem
Majestoso, vestido de glória
Um Deus à nossa imagem
É o que esperam
Nos pobres, nos rejeitados, nos
pequenos
Eu vivo, é deles o meu Reino
Neles, Homem do madeiro,
Nós te recrucificaremos...