segunda-feira, abril 27, 2020

AMAR SE AMA SEM CAUSA


Christine Ramos
Para Ione Viana de Souza

Quando se pergunta a um amigo
Ou a um amante
Por que você é meu amigo?
 Por que você me ama assim?
A mim?
Por que amas a mim?
Se não se faz um silêncio profundo
Ouve-se
“Porque sim!”
Amar não tem causa
Amar se ama,
E se ama porque sim,
Assim!
Amar não tem causa
Eu te amo
E fim...

sexta-feira, abril 24, 2020

ERRANDO SE APRENDE?



“A alma melhor é evidentemente a que tem mais capacidade e sabedoria, mas também a que tem mais poder para agir das duas formas em qualquer ação: a nobre e a desonrosa.” (Sócrates, in Hípias Menor)

 

O que errar nos ensina?

 

I

Saber-nos humanos é saber-nos perfectíveis, saber-nos perfectíveis é saber-nos falhos. Saber-nos perfectíveis, falhos, faz-nos procurar e desenvolver meios de nos tornarmos melhor. Nesta dinâmica, nos percebemos dotados de criatividade num mundo já “criado”, com seus mecanismos e suas leis. Nós entramos e saímos do mundo, ele está posto quando chegamos, e permanecerá, ao menos esperamos que permaneça, com nossa partida. É conhecendo os mecanismos e as leis que regem o mundo e as relações humanas nele desenvolvidas, unindo a projetos de sustentabilidade, solidariedade, preservação, justiça, que nos vamos melhorando... É na vigilância de nossos atos e atitudes que colocamos nossa criatividade numa perspectiva utópica: podemos melhorar o mundo, podemos ser melhores. Contra uma perspectiva apocalíptica: nós somos um “câncer”, um “vírus”, estamos colocando o mundo a perder, apostamos numa profecia criativa: havemos de ser plurais e singulares, um só sendo diversidade.

 

II

 

Nós homens e mulheres estamos sempre olhando para o ontem. Ora saudosos de um tempo idílico, ora críticos dos desmandos e desarranjos que assombram o nosso hoje. Do sonho à realidade, analisando, questionando, deslindando, conhecendo, percebemos que da caverna ao hoje fomos capazes de reduzir nossa fadiga por abrigo e alimento, aliviar nossas dores, prolongar nossas vidas. Mas fomos capazes, também, de alimentar conflitos, aprofundar desigualdades, ameaçar nossa existência e do planeta.  Nós homens e mulheres estamos sempre olhando para o amanhã. E o amanhã é sempre uma mescla de utopia e apocalipse. O nosso hoje, por isso é também uma mescla de acomodação, resignação, insatisfação, expectativa, temor, iniciativas, superação, criatividade. Riscos e receios nos mobilizam.

 

III

 

Somos seres que erra. E o erro produz mal entendidos, conflitos, inimizades, desperdício de recursos, de energias, sofrimento, injustiças. Mas ninguém erra porque quer. O erro voluntário deixa de ser erro.

Três sujeitos chegaram à final de um torneio de arco e flecha e deveriam acertar, de certa distância, uma maçã sobre a cabeça de um boneco. O primeiro a lançar a flecha acertou a maça em cheio. O segundo acertou não a maçã, mas o centro da flecha do primeiro arqueiro. O terceiro arqueiro, concentrou-se, mirou o alvo, respirou profundamente e arremessou sua flecha. Acertou a perna esquerda de um que assistia a disputa: “Da próxima vez eu não erro!” o tipo atingido pela flecha entendeu o recado.

O erro voluntário não é erro, é escolha. Por escolhas se responde.

 

IV

 

Sem certos conhecimentos, ou condições de conhecimento, não há como perceber um erro... Não percebendo erro, continuamos errando. Nós não aprendemos com os erros. Nós produzimos conhecimentos que nos revelam os erros. Nós somos seres produtores de conhecimento, porque é o conhecimento que nos aperfeiçoa, é o conhecimento que alimenta nossas melhores expectativas. E conhecemos porque somos capazes de colocar sob análise os resultados de nossas ações, principalmente quando destoam de seu propósito. E fazendo isso descobrimos os erros.  Não aprendemos com nossos erros, se não os descobrimos continuamos errando. Aprendemos desenvolvendo ou aprimorando nossas condições de conhecimento.  Não somos perfeitos, mas podemos sempre sermos melhores. Errar não é uma escolha. Sermos melhor sim.

Quem conhece pode, também, escolher errar (aqui entramos numa questão moral). Quem não conhece só pode errar! No caminho ao conhecimento produzimos erros. Mas não é o erro que nos ensina, é percebê-lo. O Erro se não é infértil, apenas produz danos. Não é errando que aprendemos. Aprendemos por querer saber por que erramos...

 


sexta-feira, abril 17, 2020

A CIÊNCIA NÃO NOS SALVARÁ



- Cumpadi, mi diz uma coisa.
- Qu’é cumpadi?
- Ói, nóis tem pouco mio, e tem um galo veio, já mais pra canja que pra canto, e um franginho cheio de votade. Pra que nóis dá o mio?
- Dipende, cumpadi, dipendi!
- Dipende de que sô?
- Se o galo é di coroné, e o frango di oce, cumpadi.

Estamos confiantes de que a ciência encontrará uma cura para a covid-19. Talvez demore. Mas nós confiamos na ciência. Mas não será a ciência que irá administrar a vacina, porque o poder da ciência é limitado a encontrar a cura. Quem administra a cura é a política, subordinada à economia. Eu confio na ciência, mas a ciência não é para nós. Seus frutos nos chegam em migalhas, quando chegam, quando precisam de nós para a roda continuar girando. Então, quando houver cura para a covid-19, a pergunta é: Quem poderá pagar pela vacina? O idoso com uma doença crônica, mas com títulos e sobrenome, ou o adolescente com um potencial de vida pela frente, mas marcado de sina Severina: “iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte Severina”? O que decide quem morre e quem vive é a economia. “Em casa de farinha pouca, meu pilão primeiro!” “Onde falta mio, primeiro o galo do coroné, depois os fio”, aprendi de minha avó. A economia decide, a política executa. O resto é nossa fantasia de acharmos que somos humanos, sem saber o que é ser humano.

quinta-feira, abril 16, 2020

FLOR-IMAGEM


Para Patrícia Opereta



Perco-me em memórias
ante a flor-imagem
em minha tela
Beleza capturada
em sua fugaz passagem
Um olhar único, sensível
a congela
Não é mais, então,
a beleza enquadrata da flor
que me arrebata
É o olhar-sorriso de quem a imortaliza
que contemplo
em memórias de sua presença
Somos tão próximos mesmo distantes
neste fugaz suporte
Na flor-imagem na tela
não é a flor mesma,
mas quem a retrata
que se revela
É em seu olhar que me perco.



Imagem:Patricia Albuquerque.

DE LUIZ A JAIR

Luiz era chegado numa cachaça, numa pelada nos fins de semana, em churrasco. Analfabeto, pau de arara, tinha mania de pobre. Falava o tempo todo de pobre, que pobre tinha que comer, tinha que estudar. Com Luiz, nossa empregada viajou de avião, o seu caçula formou-se engenheiro, a filha estudou no estrangeiro. O marido comprou uma “caranga”. Que coisa horrorosa! Eu cheguei a pensar que Luiz era comunista, socialista, coisa parecida. Que nada, os ricos nunca ficaram tão ricos. Meu vizinho me abriu o olho, fez-me ver o bandido que Luiz era. Eu não imaginava, o safado mamando em minhas tetas, bancando cesta básica com meu dinheiro, enricando e enricando os seus. E eu? Eu tendo que dividir aeroporto com gentalha. Depois arrumou aquela outra, sem noção nenhuma a coitada: onde já viu pagar hora extra, férias, décimo terceiro para empregada. Demos-lhe uma pedalada, bem dada. Achei bom que Luiz foi preso. Meu vizinho tinha razão, Luiz era um ladrão. O maior ladrão da história da humanidade, eu estava convicto. O desapontamento foi profundo, abraçaria o capeta, mas se tocassem o nome do Luiz, eu subia pelas paredes. Então apareceu este dissimulado, vinte tantos anos encostado. Grosseiro que só, ressentido, magoado, o meu retrato. Escapando pela tangente, avisou que com ele era diferente, que quem gosta de pobre tem que ser metralhado, que Deus acima de tudo. O deus mercado, fique claro. Foi paixão a primeira vista. Não, a primeira vista não. Ele me conquistou no whatsApp. Meus amigos, os irmãos da igreja, as tias velhas, aqueles tios acaba festa, todo mundo trocando fakes, falando dele. Assim conheci o capitão e me entreguei, de corpo e alma, em suas mãos. A decepção com Luiz foi profunda. O Jair me arrebatou! O ódio nos torna vingativos; a devoção idiotas...

terça-feira, abril 14, 2020

DISTOPIAS


DISTOPIAS
Claudio Domingos Fernandes

Tem muita gente entendida em realidade
Conhecem de política, economia, virologia
Mas poucos sabem
Que a realidade é também
O que ignoramos.
E na ignorância que conhece sem saber
desenvolvem consideráveis análises,
E sustentam elaboradas teorias
Contrapõem religião, ciência, ideologias
Há os que encontram conspirações
E os que anunciam distopias... 
Eu os leio e, sem os entender, receio
Apocalipses
E me refúgio em poesias
Alimento minha insanidade
De realidade que carece de utopias

Estou farto

segunda-feira, abril 13, 2020

ADEUS MESTRE MORAES MOREIRA

"Faço arte com pandeiro, matemática e loucura"
Moraes Moreira


Vamos ficando pobres
é mais um que nos deixa
quando além de ciência
equilibrada
e de fé
sem insanidade
precisamos
de cancioneiros e poetas
pra essas horas tão vagas
e incertas
Adeus Mestre Moreira,
Adeus!
A felicidade te espera
lá onde tudo se ilumina
"Numa paisagem
entre o pão e a poesia
entre o quero e o não queria
entre a terra e o luar"
Vai, vai em paz mestre Moreira
suas canções entre nós
ficam
mistério do universo
enquanto nossa casa
é o mundo
e nossa riqueza a união
da natureza e da razão
"Da verdade e da beleza
Equilíbrio permanente
Entre a natureza humana
E a divina natureza"

sexta-feira, abril 10, 2020

HOMEM NO MADEIRO


Homem flagelado
Escarnecido
Que fizestes aos 
Senhores do mundo? 
Que fizestes?
Homem das Dores
Por que pendes no madeiro?
Eu amei os pequeninos
Andei entre os discriminados
Alimentei os famintos
Comi com os enjeitados
Acolhi os despatriados,
Semeei com o homem do campo
Expulso de suas terras
Curei cegos, paralíticos, aleijados
Estive com prostitutas, samaritanas,
desamparados
Perdoei pecados
Ensinei o amor de Deus
Que é perdão, partilha e solidariedade
Homem flagelado
Escarnecido
Homem das Dores,
No madeiro
Que esperava que fizessem?
Queria que o reconhecessem?
O Deus deles é o poder
E o dinheiro
Nesta carne de pouco preço
Como homem do povo
E não cidadão de berço,
Tiveste o que mereceste!
Quando voltardes como promete
Homem dependurado no madeiro
Não te esqueças
Nas periferias não te reconhecem
Majestoso, vestido de glória
Um Deus à nossa imagem 
É o que esperam
Nos pobres, nos rejeitados, nos 
pequenos
Eu vivo, é deles o meu Reino
Neles, Homem do madeiro,
Nós te recrucificaremos... 

quarta-feira, abril 08, 2020

ZÉ CANETA

Dia desses fui ao médico, e ele pediu uma série de exames, minha anemia reclama cuidados que eu desconsidero. Voltando do médico, passei no buteco e encontrei por lá Zé Caneta. Falei pra ele de minha visita ao médico, de minha anemia, que o médico suspeita que ela está relacionada a meus problemas de estomago, coisa e tal... Falar de coisas que não entendemos com quem entende menos ainda,é coisa de boteco e serve apenas para passar o tempo. Mas quando você resolve abandonar as prescrições médicas, para seguir a orientação de um Zé Caneta qualquer: "Deixa de frescura, é só você comer beterraba e comer fígado cru, que você melhora. Esses médicos não entendem nada...", você se mostra pouco inteligente. Na verdade um imbecil. E o que tem de gente bem formada, mas pouco inteligente, seguindo o Zé Caneta não está escrito. Cada coisa em seu lugar, com o Zé Caneta eu jogo no bicho e compro produtos de origem duvidosa. De minha anemia trato com o hematólogo. Não seja imbecil, não precisando sair, fique em casa. O Zé Caneta entende mesmo é de milícia.

segunda-feira, abril 06, 2020

SERES ÚNICOS


Somos indivíduos únicos. Únicos não quer dizer sós e ou auto suficientes. Somos únicos, mas interdependentes. Somos únicos, porque somos com outros sem sermos qualquer outro senão nós mesmos. E apenas sendo nós mesmos, podemos estar com outros.
Na relação com os outros, a sinceridade está antes da verdade. Sinceridade e verdade não são a mesma coisa. A sinceridade é algo da pessoa. A verdade não é uma aquisição pessoal. A verdade pertence à comunidade, não ao indivíduo. não existe a minha, ou a sua verdade. Existe a verdade, e esta pertence a todos, deve estar à disposição de todos.
Toda pessoa tem pelo menos algumas crenças ou convicções sobre as coisas, sobre si mesma e a realidade que nos inter-relaciona.
Convicções e crenças não precisam ser verdadeiras, precisam ser sinceras. Devemos aceitar que haja alguma verdade nas crenças e convicções que as pessoas manifestam.
Geralmente, aquilo em que acreditamos realmente entra em conflito com aquilo que dizemos e fazemos. E examinar esse conflito nos leva à compreensão de nós mesmos e de nossas crenças mais íntimas. Só descobrindo os limites de nosso conhecimento, do que de fato sabemos sobre nós mesmos e nossas crenças, e do que não sabemos é que podemos definir em que realmente acreditamos.
É preciso deixar que as pessoas digam o que pensam, mesmo que nos choque ou nos agrida. Como poderíamos examinar e compreender nossas contradições se não as manifestássemos. Sabermos o que pensamos, como agimos e as distâncias do dizer e do fazer só é possível colocando nossas crenças e convicções sob análise, nossa e dos que nos circundam.
A convivência é um empreendimento paradoxal. Para nos tornarmos únicos precisamos entender o que as pessoas dizem e fazem, entendendo, antes o que dizemos e fazemos, procurando diminuir a distância que separam estes atos. Não existem seres únicos fora da comunidade. Fora da comunidade somos seres isolados sem sermos solitários.

quinta-feira, abril 02, 2020

MÃES DO AMANHÃ



De uma vez por todas a incerteza amanhece
Entre nós
O que estamos passando?
Nós não sabemos
O que estar a vir?
Não sabemos
Da incerteza, nasce a dúvida
Tal é real? Se não é
O que é?
A angustia, também,
Da incerteza é filha
Amanhã
O que será? O futuro há?
Não há!
Há?
Da dúvida nascem conhecimentos
A angústia produz fantasmas,
Alimenta temores
Aflige!
A dúvida nos move
A angustia, desespera-nos.
 Ante nós suas faces se postam
[Su]gerindo-nos o amanhã.
O que há de nascer?

SOBRE OS ASPECTOS TERAPÊUTICOS DA BIOJÓIA


Por Ione Viana de Souza 

O Reino dos céus é como um grão de mostarda, que um homem tomou e plantou em seu campo. Embora seja a menor dentre todas as sementes, quando cresce chega a ser a maior das plantas, e se torna uma árvore, de maneira que as aves do céu vêm aninhar-se em seus ramos.
Mateus 13, 31-32

O processo de reflexão em nossa vida é como o germinar de um grão e sua transformação em planta: lento, necessário, frutífero e contínuo – ancorado na terra e voltado sempre para o alto.
Ione.


Já reparou numa criança brincando? Ela transforma a caixa do brinquedo ou do sapato em alguma coisa incrível. Provavelmente, as crianças sejam seres especiais, que enxergam com os olhos da criatividade e ainda podem antecipar o futuro no agora: o tempo para as crianças é o agora porque a urgência é cumprir com o que há de mais sério: brincar.
Os adultos, movidos pelas preocupações das coisas urgentes e muito importantes, fecham o seu olho interno (quem sabe o terceiro olho!) e tudo passa a ser conforme a utilidade. Não o que é, mas para que serve, orienta o adulto. Sendo assim, agora, interessa o que está dentro da caixa, a caixa em si é lixo pode ser descartada. E essa lógica “serve” para tudo: para que serve uma formiga?  E lá se vai pisando... Para que serve uma lagartixa?... Para que serve uma árvore? E logo muitos respondem: “se não dá frutos, só faz “sujeira”, não serve pra nada, pode ser derrubada”.
Mas existem aqueles que fogem às regras, seus olhos internos permanecem abertos em sua entrada para a vida adulta. Esses são os guardiões, os defensores, os xamãs, as bruxas, os artistas, os poetas, os educadores; todos aqueles que creem na vida como um valor maior e na beleza das coisas simples. Há os que, através de gatilhos promovidos pelas circunstâncias da vida, reencontram o olhar interior, que capta a coisa em si.
O fato é que os despertos e os que se despertam, enxergam a importância nos seres simplesmente porque eles existem e compreendem que com eles existimos. Co-existir é  essa a beleza de existir. Assim olhamos as plantas, as flores, os frutos, os pássaros, os insetos... e percebemos que compõem a beleza de nosso existir. Das plantas percebemos que guardam tesouros e suas SEMENTES são seres não em “ato”, mas em “potência” e poderão tornar-se algo maior tão cheio de vida! Como nos ensinou o mestre Aristóteles.
Daqueles que acolhem a dimensão do potencial, alguns serão inclinados a coletar, outros em distribuir, outros em transformar e ainda outros irão instruir sobre as propriedades físicas e metafísicas da natureza e dos seres que ela gera e que nela se desenvolvem. 
A semente nos põe em contato com a reflexão sobre os ciclos da vida e a minha vida dentro desse ciclo maior. Essas jóias podem carregar a continuidade de uma vida, podem ser transformadas em peças de beleza através da criatividade de mãos habilidosas, mas o ensinamento que elas nos trazem é sobre o valor contido nas coisas, como o nosso fazer deve ser também refletido, e que o despertar diário para o que é de fato importante e o que é secundário e ainda o que é irrelevante deve ser um exercício contínuo a fim de que não se perca no meio dos papéis e das contas a pagar.
Refletir o nosso lugar no mundo também é terapêutico, porque compreendemos que a grandeza não está no tamanho, mas no gesto, na atitude no cuidado com o outro na comum união entre os seres e a natureza.