sexta-feira, outubro 04, 2019

O MUNDO SEM DEUS É ABSURDO






Memes deveriam apenas nos divertir, mas me levam a pensar e a formular conjecturas. O livre arbítrio é a possibilidade de escolha entre, ao menos, duas possibilidades de igual medida, em que a necessidade não impera. A sede me impõe beber e não comer. A fome me impõe comer e não beber. Numa situação em que não há fome ou sede, eu me sinto livre para comer e beber, ou só comer, ou só beber. Só há liberdade (livre-arbítrio) onde a necessidade não me impõe. Redundando, onde há imposição, não há livre arbítrio. Depois, onde não há opções, não há livre arbítrio. À "salvação" se opõe a "danação", e nem “salvação” (céu), nem “danação” (inferno) são necessidades: são possibilidades, são propostas. Deus não te impõe a salvação, te a propõe. Em toda escolha está implícito o que se deseja alcançar e o modo, ou meios, para se alcançar o que se deseja. Entre um arroz "soltinho" e bem temperado com um feijão de mãe e um prato de miojo, há exigências de preparo bem diversas. Quem espera em um prato de miojo o gosto de uma refeição materna, há de desapontar-se. Para se tornar campeão em uma competição o atleta sabe que precisa treinar e participar de uma série de disputas. Não se torna campeão apenas escolhendo ser campeão. É preciso seguir as regras da competição. Deus não impõe a salvação, propõe-na. O que está implícito na proposta divina, a salvação, são as condições para alcançá-la. A danação também tem suas regras, uma delas é a de não se arrepender de tê-la escolhido. Como esta possibilidade sempre existe. Sim, escolhas são riscos, e são sempre permeadas de incertezas. Ao longo de um processo, podemos sempre nos arrepender de tê-lo começado. Então, há sempre a possibilidade de nos arrependermos de nossas escolhas. Em tais casos, Deus ai se encontra disposto a nos oferecer sua graça! À pergunta: "se eu fizer algo que você não gosta eu vou pro inferno, que liberdade é essa?", Deus não responderia: "você é livre pra fazer o que eu quiser!". Não, a resposta divina seria outra. Seria: "você sabia que eu não gosto, e sabia das consequências. O sentido da liberdade é este: saber das consequências antes da escolha. Isso eu nunca te escondi!" Esta arenga toda só tem sentido se acreditássemos em Deus, não é o caso. O livre arbítrio só faz sentido se acreditamos em Deus. Sem Deus, o livre arbítrio não faz sentido (redundar, para reforçar). Nossa época é a época do não sentido. Nós estamos condenados a viver circunstancialmente, e as circunstâncias nos impõem infinitas possibilidades. Irremediavelmente sem Deus, estamos escravizados à ilusão de que estamos fazendo escolhas, quando estamos apenas respondendo às necessidades do momento. O mundo nos impõe sermos livre, mas onde há imposição não há liberdade. Pulamos do livre arbítrio ao absurdo.

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