sexta-feira, agosto 30, 2019

PARAGUAÇU


K não batia em ninguém, mas dizia ser valentão e bater em qualquer um. K era um bravateiro, após umas doses, se sentia. Estendia o dedo, aumentava a voz, ameaçava e dizia fazer e acontecer, mas K era só um valentão cuja valentia acabava em dores de cabeça e estomago embrulhado, e dias sumido, envergonhado.  Certa noite, um voltava da rua e foi apanhado de surpresa, tomou uma surra sem saber de onde viam as bordoadas que lhe caiam. Já para desfalecer ouviu apenas: “Foi K, pra você aprende!” K que àquela hora bravateava em outra esquina, foi intimado a comparecer à delegacia. Não obstante as muitas testemunhas, K morreu sob custódia da justiça, preguiça da polícia e da língua dos que diziam: “boa coisa não fez, se foi preso: merecia!” Um, filho de pessoa influente, consciente de seu crime e da morte de um inocente, dorme tranquilo, fazendo planos políticos. Em sua campanha o criminoso vai usar o incriminado. K se tornou uma plataforma política: uma luta pela Justiça. As eleições chegando, o criminoso é o favorito! Explica um eleitor: “ele usa ternos bonitos!”. Quanto a seu crime?: “Foi um erro da justiça, que ele promete corrigir!”. Em Paraguaçu as coisas são assim.

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