Para
Ione Viana de Souza.
Em
Lá fica nosso refúgio. Mais teu que meu. Tem a casinha ao pé da serra indo pro
mar. Feito de pau a pique, chão batido, pé alto, portas largas, janelas amplas
sempre abertas. Tem lá tua horta com tuas ervas de chá e unguentos, um jardim
florindo o ano inteiro, um pomar modesto, pássaros de toda espécie, um cachorro
matreiro. Em Lá contemplamos o sol nascer sem compromisso, assistimos a lua
minguar e depois crescer e resplandecer em noites de sertão ao seu ritmo.
Contamos as estrelas e damos-lhes nomes de amigos. De manhãzinha os pássaros cantam
e salteiam de árvores ao chão, do chão à tua mão contando-te segredos trazidos
pelo vento. No entardecer revoam em alegres alaridos. De quando em quando os
amigos nos visitam pra horas sem fim de conversa à toa. Pra Lá escapamos nos
fins de tarde, depois de exaustivo dia, alquebrados, já desanimando da rotina.
Lá é nosso sonho, mais teu que meu, enquanto os gigantes montam os seus em
peças lego ou em seus rabiscos. Em lá eu durmo em teus braços, enroscando-me em
teus cabelos. Em Lá eu durmo em teu sorriso, com teus beijos. Em Lá eu durmo em
teus sonhos, que são sonhos meus.
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