Nas fronteiras
de Aqui e Lá situa-se Acolá. E Acolá, não é Aqui, nem Lá. Em Acolá reside Zé di
Couves, renomado pé de chinelo, um tipinho dado a surrupiar idosas em ponto de
ônibus e crianças em porta de escola. “Zé di Couves não vale um vintém”, dizia
dona Izhaurinda, “eu sei o que digo: eu criei o traste”. “Esse Zé di Couves é
um imprestável”, dizia um outro num boteco, “finge de morto pra comer o coveiro”.
Ocorreu, então, em Acolá um grande furto
ao banco do lugarejo. É, certa manhã os funcionários deram conta que os cofres
de particulares haviam sido roubados. O fato é que os larápios não levaram
valores em dólares e euros, apenas documentos, neles preservados. A arquitetura
do roubo foi tal que os funcionários só deram conta do roubo devido uma nota de
jornal. No banco não havia sinal algum de arrombamento ou invasão. Grande alarido
se fez em Acolá, entre os muitos clientes do banco, o prefeito, o presidente da
câmara, o delegado e o juiz de comarca, e comerciantes e padres e pastores começaram
a anunciar terem sido roubados. Diante da repercussão o juiz de comarca tomou
frente nas diligências. À boca pequena se comentava que o roubo fora coisa de
gênios, de estrangeiros da Rússia. Mas em poucos dias a polícia apresentava Zé
di Couves como o ardiloso arquiteto do mais engenhoso roubo que Acolá já presenciara.
E para apaziguar os correntistas do banco, o juiz de comarca informou que estava
destruindo os documentos. Em Acolá é assim, só não acham o Queiroz.
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