Bem Ali não fica
perto nem distante. Bem Ali é aqui. Tem lá um tipo com mania de escutar
conversa alheia e divulgar o que ouve segundo seus interesses. E o sujeito tem
interesses grandes, sonha com posições na corte. E sem delongas expôs conversas
particulares de um forte candidato a chefe da nação e a titular de cargo
prejudicando-os. A candidata de cargo perdeu o cargo, o forte candidato foi
tirado do páreo, os outros concorrentes eram tão minúsculos, que venceu as
eleições um inepto, representante da boçalidade local. E o tipo ganhou uma posição importante, com
promessa de, com o tempo, sendo serviente, ganhar posto maior ainda. Fato é que
o mundo dá voltas, e na volta que o mundo deu, o tipo foi pego em seu vicio.
Colocaram à boca do povo suas ardilosas delongas, deixando à vista de todos,
como no Retrato de Dorian Grey, a pequenez moral e as ações criminosas de nosso
herói. Fato é que boa parte dos cidadãos de Bem Ali devota afeição ao nosso
paladino por suas proezas. Como dissemos, com seus ardis se destituiu quem de
direito governava, se prendeu quem de fato poderia governar e se elegeu um inepto
que agrada em seus acintes e falas desconexas parcela considerável do povo. E
não é gente simples e desinformada não, e gente graduada, bem informada, que
lhe beija a mão. É um tipo de gente com certa deficiência cognitiva associada a
sentimentos mesquinhos e um orgulho prepotente de uma nobreza social fantasiada.
Nosso herói, em suas calças curtas, sem rubor algum, procurando bode
expiatório, encontrou quatro estelionatários promovidos a hackers para sustentar
sua posição. O morto já cheira, mas a pantomima segue. Em Bem Ali a escuridão
se aprofunda.
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