Foi
Christine Ramos quem me ensinou tudo sobre flores enquanto podava suas rosas e
adubava canteiros de jasmim. “Na China",
diz-me Christine, “mistura-se flores de
jasmim a folhas de chá e a combinação de sabor e
aroma resultante é muito apreciado”. Passando a cuidar da orquídeas, foi
Christine que contou-me a história de dois monges diante de uma flor. Os dois
monges caminhavam em direção à capela do mosteiro para celebrar as vésperas,
quando, contornando o jardim, vislumbraram uma rosa de especial encanto. Um dos
monges logo se apressou a colhe-la: “vou ornar o altar do Senhor”, disse ao
companheiro. O segundo monge interviu: “Irmão, o Senhor já a colocou no lugar
em que ela o exprime. Não furte ao olhar do mundo o que o Senhor a todos doa.”
O monge seguiu ao lado do companheiro entristecido, queria ter levado a flor
consigo. O outro monge levou consigo a flor que contemplou, deixando-a no jardim
onde a encontrou. Eu tentava dizer a Christine Ramos de meu ceticismo ateu:
“meu caro, dizia-me Christine, sois ateu, mas não sois cego e se sois capaz de
encantar-se com um sorriso belo, um olhar penetrante, uma lágrima sincera, se
sois capaz de ver beleza numa flor que se abre aos raios do sol, há em ti
religiosidade, e se sabes acolher o que te encantas sem o tolher, impedindo-o
de ser, és humano, o sagrado no homem!” Depois disso, Christine falou-me Begônias.
Escrevo isto porque hoje encantei-me com uma beleza sem igual. A colhi
deixando-a ser, apenas ser. Graças à tecnologia e a era digital, pude registrar
seu sorriso descomunal.
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