domingo, abril 16, 2023

AMANHÃ

 


“A vida é como ela é”

 

Antes de começar este texto, devo confessar que meu desejo é chorar.

A vida não pode ser isto, e não é. A vida deveria ser  desafio a quem nela chega. Desafio de produzir algo próprio, original, único.  Algo capaz de evidenciar a grandeza que pode ter o ser humano. Não, a vida não é como ela é. A vida é o que fazemos dela, o como a colocamos em prática em nossas práticas. A vida é como um barro a espera de um artesão que há de moldá-la. Não é possível que a vida seja esta monstruosidade que ceifa a golpes de machado  quem está ainda aprendendo dar os passos, articular as palavras, reconhecer os laços de afeto que há de carregar consigo no desafio que é moldar-se, dar-se um sentido. A vida é! O como, a forma que assume, somos nós que lhe empregamos.  Não é possível que vamos continuar esta trilha de monstruosidades que estamos tecendo em nossa vida, quando podemos produzir humanidade. Não é possível aceitar esta ferida rasgando-nos na alma, roubando-nos o desejo de vida. Eu não quero viver em um mundo que ante nossa monstruosidade nos responde: “é a vida!” Eu só não queria ter acordado hoje! Eu me recuso a viver em um mundo que se conforma à barbárie. Amanhã, talvez, eu não seja!

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