Vigarista
e vigarice são termos oriundos de vigário. Vigário é um termo religioso de
origem latina, vicariu, us. Vicariu significa fazer a vez de outro ou de
outra coisa. Na tradição católica, o sacerdote durante a administração dos
sacramentos faz a vez de Cristo. Assim se confessa que quem administra o
sacramento e consagrada a eucaristia é o próprio Cristo e não o sacerdote
mesmo. Administrativamente, porém, fora dos ofícios religiosos, nem todo
sacerdote é vicário. Administrativamente, vicário é o sacerdote que responde
pelo bispo de uma diocese, ou pelo sacerdote titular de uma paróquia – o
pároco, em sua ausência. De vicariu deriva vigário. E de vigário, vigarista.
Vigarista é o sujeito que se passa por vigário sem sê-lo. A princípio, cair no
conto do vigário é acreditar em quem se passa por autoridade religiosa sem que
de fato ela seja religiosa. Tornou-se sinônimo de se deixar ser feito de
otário, de se deixar levar por vigarices: discursos fraudulentos, conversas
enganosas. O Vigarista se passa por vigário com intenção de enganar e roubar.
Não o devemos confundir, portanto, com “padres de festa junina”. Estes não têm outra
intenção que divertir-nos nas danças de quadrilha e com eles não nos enganamos,
nos divertimos. O “padre de festa junina” que tomou a cena do último debate
antes das eleições, não é padre de festa junina, ele não estava ali para nos
divertir; não é vigário, não estava ali no lugar de outro, pois não representa
autoridade religiosa alguma, ele é um embuste. O embuste é uma estratégia de
engano. O padre “de festa junina” do debate é uma estratégia que a campanha da
familícia encontrou para desviar a atenção de suas vigarices e dá folego à
campanha do mitômano – é deste termo que lhe deriva a alcunha: mito . Só cai no
conto do vigarista que se passa por vigário apenas quem acha que terá vantagem.
É com a vantagem que o otário espera obter que o vigarista conta para aplicar
seu golpe. A familicia já nos mostrou que não nos pode oferecer mais que
mentiras. O padre de festa junina é a ilustração cabal de suas vigarices. Diz um
amigo meu que entre o vigário e o vigarista é preciso distinguir o crente do
crédulo. Diz ele: “o crente não crê em tudo e é capaz de questionar o que crê,
já o crédulo está disposto a acreditar em qualquer coisa, principalmente se lhe
promete vantagem. A relação do crente com o vigário se dá pelos benefícios dos
sacramentos. A do crédulo com o vigarista pelas vantagens que este lhe promete.
O crente quer estar bem com Deus, o crédulo quer se dar bem. Assim, o crédulo
está para o vigarista como o otário para o malandro. E no Brasil há mais
crédulos que crentes”. Estão loucos para caírem no conto da famílicia.
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