“... Tem uma
bala no meu corpo... E não é bala de coco” (Chico Cesar)
João Silva, do
Morro dos Desparidos, jantando pipoca, acompanhava em sua televisão de tubo, a
feliz conclusão da condução de Roberto Jeffersson à uma carceragem federal.
Narrava o repórter que o distinto cidadão disparara cerca de vinte vezes contra
policiais federais, arremessara granada, ferira policial, coisa e tal. E pacientemente,
a operação policial esperou o distinto se entregar. “Fosse no morro, já tinha
levado pipoco”, conjecturava João Silva. E João Silva não teve tempo de assistir
à continuação da matéria, um estrondo interrompeu seu entretenimento, sua
refeição, suas conjecturas. A porta de seu barraco veio ao chão: “perdeu
vagabundo, perdeu vagabundo”, era a polícia invadindo seu lar. Quando a mãe,
que embalava balas de coco no cômodo ao lado, chegou, João agonizava ao chão. Alegou o policial que fora tomado de surpresa
à reação de João. João morreu com dois pipocos, segurando uma vasilha com
pipoca. Roberto Jeffersson passa bem, obrigado!
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