sábado, maio 07, 2022

QUEM NÃO SABE PARA ONDE VAI, FICA ONDE ESTÁ!

 

Já um tanto ébrio, Pedro Augusto tomou o ônibus sem observar o destino. Habituado com o trajeto, Pedro Augusto, postado à janela, ia admirando a paisagem de luzes cintilantes das lojas e bares no cair da noite. Pedro Augusto cochilou e não deu conta que o ônibus, a certa altura saiu de seu habituado trajeto. Quando despertou, ainda embriagado, já não mais reconhecia a paisagem lá fora. Ruas estreitas, escuras, casas esquálidas, empilhadas umas sobre as outras, o cheiro azedo de esgoto. É certo que onde Pedro Augusto morava, a paisagem não era outra, mas aquela lhe era estranha. Pedro Augusto procurando inteirar-se qual era o destino daquele ônibus indagou o passageiro ao lado: “quem não sabe para onde vai, fica onde está!”, foi bruta, foi seca, foi dura a resposta. Pedro Augusto deu-se com o semblante do passageiro: esquálido, sombrio, ameaçador. Pedro Augusto cogitou descer do ônibus e tomar outro no sentido contrario, mas a paisagem lá fora tornava-se deserta e sombria. Pedro Augusto, em desassossego com o passageiro ao lado, resolveu por continuar a viagem até seu destino final. Lá fora a penumbra reinava. Pedro Augusto tomara um ônibus sem destino.

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