Ao elenco, À Produção e Aos apoiadores do PASSOS DA PAIXÃO 2019.
“Eu tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, estava nu e me vestistes, estava preso e fostes me visitar...” (Jesus Cristo, segundo Mateus)
Ao pé da cruz, à primeira vista, o projeto do Nazareno apresenta-se como um fracasso. Do grupo que formara, um o traiu, outro o negou, outro exigia provas concretas, muitos dispersaram na noite de sua prisão. Apenas a mãe, sustentada por algumas mulheres e um dos discípulos (João) acompanham seu calvário e assistem sua morte entre bandidos. Enterrado em um túmulo de terceiro, estava fadado, como indigente ao esquecimento. Mas passada a tensão do momento, os seus rememoraram seus ensinamentos, sua prática, a promessa de que não os abandonaria e compreenderam que a Ressurreição é a continuidade do anuncio do mestre, fazendo de seu ensinamento prática. Aos poucos o grupo se organizou, um foi fortalecendo o outro, e praticando o amor que aprendera. Acolhendo os humildes, socorrendo os doentes, agregando os destituídos, davam testemunho do Reino, dividindo tudo em comum. A ressurreição não é uma expectativa utópica: É uma prática diária. Em toda luta por justiça, liberdade, igualdade, pluralidade e diversidade, em toda resistência para se garantir direitos, para se denunciar o desmando, a exploração, a expropriação, nos que se organizam e organizam os famintos, os sedentos, os despidos de sua dignidade, e os alivia, os alimenta e os encoraja a insistir, nestes o Cristo se faz presente e anuncia: “a morte não vos vence!” A Ressurreição é a certeza de que em nossa realidade ferida, em nosso mundo sempre prestes a ruir, a justiça, a solidariedade, o amor ao próximo não são quimeras, são possibilidades tangentes que podemos tocar, abraçar, acolher, integral, incluir, dividindo, partilhando. “Toda vez que fazeis isto aos pequeninos, aos sofridos, é a mim que fazeis. A ressurreição se reconhece no rosto ferido dos expropriados do mundo, que a um gesto nosso de acolhida nos abre um sorriso. Na lágrima de uma criança que recebe um pedaço de pão após dias de caminhada fugindo da guerra; de um ancião que alcança o direito de uma aposentadoria digna, de um moribundo que recebe o digno atendimento médico, de um jovem que alcança o direito de sonhar, porque alcançou a possibilidade de entrar na universidade, de uma mãe que pode ir trabalhar tranquila porque os filhos estarão seguros, na mulher que não precisa temer uma agressão verbal ou física, nas pessoas que sentem-se confortáveis para declararem suas convicções, suas opções religiosas, sexuais, políticas. Na lágrima de todos os que buscam vida plena, quando acolhida, por quem acredita ou não, o Cristo ressuscita: A Ressurreição é solidariedade e respeito à diversidade, que renovamos cotidianamente em nossos gestos e atitudes!
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