Num período recente de nossa história instaurou-se um governo arbitrário, autoritário e não avançamos nem politicamente, nem socialmente, nem economicamente, ao final dele eramos dependentes do FMI,do Banco Mundial e da política norte americana. Durante este governo instituiu-se duas formas de “limpeza” dos indesejados, uma voltada aos movimentos de contestação política, outro de controle social. Aos movimentos políticos instituiu-se a perseguição, prisão, tortura e execução pelo DOI-CODI. No polos deste sistema dois personagens de destacam como ícones da barbárie: Vlado Herzogb e Coronel Ustra. A política de limpeza social ficou a cargo dos esquadrões da morte: fundados em um discurso moralista, contra elementos socialmente indesejáveis e de manutenção da ordem pública. Atuou nas periferias e favelas dos grandes centros urbanos, executando quem julgavam ser bandido ou socialmente indesejado. Só no Rio de Janeiro executaram mais de mil pessoas na década de 70. Não, não eram todos bandidos! Quando um dos polos da atual disputa política assume o Coronel Ustra como modelo e defende abertamente a tortura, respiramos tranquilo, porque seu discurso está voltado para a classe política, para os movimentos políticos, principalmente de esquerda. E nós somos "apolíticos", temos horror de política. Mas quanto à "limpeza" social, a eliminação dos que julgamos indesejados sociais, o que não atentamos é que ele pretende inovar. No lugar de esquadrões da morte, nosso postulante a ditador pretende armar a população e deixar a critério do “cidadão de bem”, um sujeito com duvidosos princípios morais, fundada em uma teologia do egoísmo, julgar e eliminar quem ele considera bandido ou indesejável socialmente. Uma catástrofe anunciada, mas politicamente sedutora. Eu tenho me feito algumas perguntas, porque é em minhas respostas que encontro razão para meu voto. Já não importa o que pensam meus amigos, sigo agora um preceito socrático: “sendo eu único, é melhor estar em desacordo com todos que comigo mesmo”. Então me pergunto: eu estou preparado para julgar, condenar e executar quem eu acho indesejado socialmente? AHH, não vai ser eu, haverá critérios... Então tudo bem, me reformulo a pergunta: eu estou preparado para fazer parte deste projeto de limpeza social, cujos personagens já estão demarcados? Terei eu coragem de tirar ou assentir que tirem a vida de alguém, fundado em meus critérios morais? Eu não estaria em contradição com um deles: não matarás? Que parte da oração que faço todas as manhãs e fins de noite (o Pai Nosso), oração que ensinei a meus filhos, eu não entendi, cedendo-me ao ódio ao invés de praticar o perdão? Vou mesmo pactuar com um regime que aposta na violência e não na educação da inteligência, como solução para nossa crise cultural e moral? Sim, mais que econômico-política, nossa crise é cultural e moral e truculência não as resolve! Que experiências pelo mundo deram certo com tal política? Porque eu não poderei dizer que eu não sabia, tenho me feito tais perguntas. Meu voto é ou não um compromisso com tal proposta?
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