Olímpio
Gama era um dos poucos homens pretos alfabetizados na década de 30. Por esses
dias, seu espírito me ditou o que segue.
Eu
sou o lado da corda que sempre arrebenta
O
que carrega a responsabilidade
Por
qualquer resultado
O
povo que vota sempre errado
Não
importa pra que lado
Eu
sou o destinatário de todas as promessas
E,
ao fim das contas, aquele que nada recebe
A
não ser a conta ajustada pelo mercado
Neste
pleito, há uma diferença patente
Por
ismos e fobias,
Troco
o debate por xingamentos
Persigo
e agrido o diferente
Mas
me responda educadamente
O
que é o voto, diante de quem financia a disputa?
O
que chamamos doação de campanha
Para
quem doa é investimento
Na
distribuição do bolo, a que migalha meu voto concerne?
Uma
moradia descente?
Um
salário honesto?
A
escola, dos pequenos?
Ou
ao ódio e à violência?
Mas
desse bolo a fatia grossa a quem vai?
E a
cereja a quem pertence?
Meu
voto é meu cabresto
Não
importa em quem seja
Não
importa o meus ismos ou minha crença,
A
partilha já está decida
Os
que investiram já tem garantida
A
contrapartida...
Mas
não é isso que estamos decidindo
Não está
em jogo formas de governo
Como
avançar com o país inteiro
É como
iremos conviver daqui pra frente
Se abertos
ao debate e à fragilidade democrática
Ou,
sob a hoste dos ismos e das fobias, armados até os dentes...
De
uma coisa eu estou certo,
Não
importa quem vença
Eu
sou o lado da corda que sempre arrebenta.
O
povo sobre o qual cai toda a responsabilidade
Mas
estamos em tempos de cólera
E o
que se desperta e se avizinha
Não se
pode nomear
E é
preciso me posicionar
Prefiro
a frágil urbanidade à pura barbárie
Vá
de retro, satanás!
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